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Ação de meio ambiente restringe-se à educação
Flávia Braz
Especial para o Diário do Grande ABC
02/04/2006 | 08:26
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Esquecido. É assim que o Meio Ambiente encontra-se em Ribeirão Pires. Com uma peça orçamentária de apenas R$ 638 mil – R$ 38 mil a mais do que a Secretaria de Saúde gastou só com obras – a pasta do Verde da única estância turística da região restringe suas ações à educação ambiental e a pedidos de mais recursos. Além de perder o status de secretaria e passar para a condição de gerência, em janeiro, o departamento sofre principalmente com a falta de recursos. "Estamos tentando cair nesses fundos de meio ambiente (dos governos estadual e federal) e trazer dinheiro para projetos. Todos os nossos programas contam com verbas externas", afirma Cesar Lombardi, gerente do Meio Ambiente do município.

Segundo Lombardi, a receita da gerência fica comprometida com o pagamento das despesas do dia-a-dia e na compra de material de trabalho. "É pouco, bem pouco. Pagamos os funcionários e compramos o material de consumo, mas para projetos específicos não sobra dinheiro", diz o gerente. Os planos da pasta ficam quase sempre no papel, já que as verbas batalhadas junto a órgãos estaduais e federais quase nunca chegam. "Estamos correndo atrás. Tenho que fazer campanha de educação ambiental. Fico restrito a essa área. Tenho que educar. Enquanto não mudar a consciência das pessoas, não adianta fazer isso ou aquilo", afirma.

O município, que encontra-se inserido 100% em área de manancial, já multou mais de 950 pessoas ou entidades, desde abril do ano passado, por irregularidades cometidas nos quesitos proteção e preservação. "Temos que preservar o meio ambiente. Se fecharmos os olhos, em dois meses os caras matam metade de Ribeirão", indigna-se Lombardi.

Maurício Spolidório, secretário de Finanças, afirma que Ribeirão começou 2006 com superávit de R$ 4,5 milhões, que serão destinados para obras de asfaltamento. "A idéia é usar tudo em asfalto. É o prefeito quem decide. Ele pega seu plano de governo e escolhe onde quer aplicar o excedente", afirma.

De porta em porta – Dos seis projetos que a gerência do Verde visa concluir até o final da administração, pelo menos cinco necessitam de verbas federais ou estaduais. É o caso da reforma da Unidade de Reciclagem e da recuperação do aterro da cidade, que precisam de R$ 130 mil.

Outro caso bastante semelhante é com relação ao convênio com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), que vem sendo negociado há mais de oito meses e tem um custo maior que o próprio orçamento da gerência: R$ 750 mil. O objetivo da parceria, segundo Lombardi, é a construção de 500 unidades de moradia para famílias que vivem hoje em áreas de proteção permanente. "Lá o dano ambiental é total. Estamos na fase final de negociação, falta apenas um parecer da Procuradoria do Meio Ambiente do Estado", explica.

Mesmo os projetos voltados para educação ambiental, que pressupõem custos mais baixos, também contam com verbas de fora. É o que acontece com os programas de capacitação de profissionais na área do meio ambiente: Agentes Multiplicadores de Gestão do Meio Ambiente e Tripartite. O primeiro, com custo de R$ 80 mil financiado pelo Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), é voltado para professores da rede estadual e municipal e tem previsão de início para maio. O segundo, financiado pelo governo federal, visa a capacitação de cinco gestores ambientais no município e não tem previsão de início. Além destes, há também a Biblioteca Virtual, um projeto do Consórcio Intermunicipal que vem sendo negociado desde o final do ano passado para a implantação de uma rede de comunicação ambiental para que os problemas de um município no setor sejam conhecidos pelos demais. "Na área ambiental, aqui tem muito o que fazer, mas nada foi feito", lamenta o gerente.

(Supervisão de Lola Nicolás)




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