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Putin e Blair se encontram nesta 2ª
Por Do Diário do Grande ABC
17/04/2000 | 15:42
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O premiê britânico, Tony Blair, disse, nesta segunda-feira após realizar uma reuniao com o novo presidente russo, que a eleiçao de Vladimir Putin abre uma nova era nas relaçoes entre Rússia e Ocidente, apesar da intransigência do dirigente na questao da Chechênia. Vladimir Putin ``é um dirigente disposto a se lançar em novas relaçoes com a Uniao Européia e os Estados Unidos', afirmou Blair numa coletiva comum.

Blair disse que Putin ``deseja uma Rússia forte e moderna, e uma relaçao forte com o Ocidente', além de ``falar a nossa língua em termos de reformas econômicas. O premiê inglês acrescentou que ``é essencial que construamos uma ponte de compreensao entre Rússia, Europa e outros países europeus'.

Tony Blair, o primeiro chefe de governo ocidental que se reúne com Putin desde sua eleiçao no mês passado, elogiou o novo presidente russo, no final de uma reuniao de três horas, que durou trinta minutos a mais do que o previsto.

Putin foi recebido em visita oficial na casa de Blair com protestos contra a açao militar na Chechênia do lado de fora. Cerca de 150 manifestantes fizeram protestos em frente à casa de Blair. Eles levavam faixas e cartazes que diziam ``Parem o genocídio na Chechênia' e ``Putin, soldado de Sata, tenha medo de Alá'. Bandeiras dos rebeldes checheos também podiam ser vistas na manifestaçao, convocada por diversas associaçoes muçulmanas.

Por seu lado Putin disse que sua reuniao com Blair abria ``uma nova página nas relaçoes da Gra-Bretanha com a Rússia'. Os dois combinaram que terao pelo menos uma reuniao por ano. Mas Putin nao deixou de criticar os países europeus que pressionam a Rússia por causa das acusaçoes de violaçoes de direitos humanos na Chechênia. O presidente russo disse que seu país está ``sozinho no combate contra o terrorismo internacional'.

Putin aproveitou para ressaltar que a criaçao, nesta segunda-feira, de uma comissao independente para apurar os crimes na Chechênia responde a um pedido feito por Tony Blair durante sua visita a San Petersburgo em março passado.

O primeiro-ministro inglês tocou levemente no tema durante a entrevista coletiva. Ele disse que pediu a Putin ``uma reaçao proporcional (do Exército russo na Chechênia), um diálogo político e o acesso total dos investigadores internacionais' encarregados de verificar as suspeitas.

Blair aproveitou para responder aos que o criticaram por receber o presidente russo enquanto as tropas de Moscou ainda estao na Chechênia. ``A melhor maneira de fazer ouvir nossos argumentos é abrir o diálogo com a Rússia, nao isolá-la'. Associaçoes humanitárias, políticos de todas as tendências e a imprensa multiplicaram, nos últimos dias, as críticas à visita do presidente russo. Puntin convidado por Blair, que é considerado muito complacente com ele.

Vladimir Putin iniciou nesta segunda-feira sua primeira visita oficial ao Ocidente, ansioso em conseguir estreitar as relaçoes de seu país com a Europa. No princípio foi anunciado que a primeira dama da Rússia estaria acompanhando Putin, mas posteriormente dirigentes russos e britânicos negaram a presença de Liudmila Putin em Londres.

Recentemente eleito para o cargo que ocupava interinamente, apesar dos protestos internacionais pela açao militar na Chechênia, Putin chegou a Londres e fez um discurso na Confederaçao da Indústria Britânica, dizendo que ``na Rússia estavam abertas novas oportunidades de investimento'.

O presidente russo afirmou que as eleiçoes no país tinham criado uma nova atitude para a criaçao de sociedades com empresários estrangeiros.

O presidente russo, que chegou no domingo para uma visita oficial de 24 horas, foi recebido, mais tarde, pela rainha Elizabet II no castelo de Windsor (zona oeste de Londres), um honra resevada apenas as visitas de Estado. Primeira-dama: Dirigentes russos e britânicos disseram que Putin chegou à Londres sem a presença da primeira-dama Liudmila Putin, diferentemente do que foi anunciado inicialmente. ``A esposa do presidente nao veio a Londres, e isto nao estava no programa', indicou nesta segunda-feira um diplomata russo, Vladimir Andreev.

Um porta-voz do premiê britânico Tony Blair igualmente disse ``que nao estava previsto que Madame Putin viesse a Londres'. O porta-voz oficial de Blair, entretanto, havia anunciado na semana passada a vinda de Liudmila Putin, acrescentando que devia almoçar com Cherie Blair, a esposa do premiê britânico, que deve dar à luz em maio ao seu quarto filho.

``Por que Liudmila Putin nao foi ao seu primeiro exame no exterior', indaga, nesta segunda-feira, o jornal russo Segodnia, sem se contentar com a explicaçao oficial.

O jornal relata que além do porta-voz de Blair, os serviços do palácio de Buckingham igualmente anunciaram que a rainha Elizabeth II receberia ``Vladimir e Liudmila Putin'. Enfim, a administraçao do Royal Grand Hotel se preparava para receber ``Putin com sua esposa', ainda segundo o jornal.

``Os assessores do Kremlin desaconselharam para nao se arriscar antes da posse prevista para 7 de maio? Ou Putin preferiu a imagem de um homem político (...) cuja vida privada permanece algo privado ?', escreveu Segodnia. ``Talvez Putin preste homenagem à sua antiga profissao (agente dos serviços secretos) para a qual ser fechado é um modo de vida ?', prossegue o jornal.

Segundo os observadores, o casal Putin parecia pouco à vontade quando recebeu o premiê britânico Tony Blair e sua esposa, uma advogada britânica de renome, em Sao Petersburgo em março. Blair foi entao o primeiro chefe de governo ocidental a encontrar Putin como presidente interino após a renúncia de Boris Yeltsin em 31 de dezembro.




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