No comando da articulação política do governo Lula, Alexandre Padilha critica o tratamento dado pela oposição ao episódio do apagão que afetou 18 Estados no dia 10 e alfineta o governador José Serra (PSDB-SP), pré-candidato à Presidência em 2010.

"Todo mundo já aprendeu que não se deve politizar acidente. Eles acontecem nos sistemas, nos equipamentos públicos ou nas obras públicas. Quem quiser politizar acidente, verá que não tem futuro. O acidente pode acontecer em obra sua, no seu governo", diz o ministro, em referência velada à queda de três vigas na obra do Rodoanel, do governo Serra, que vitimou três pessoas na Rodovia Régis Bittencourt três dias após o blecaute.

O ministro admite, porém, que o próprio governo federal desconhece as reais causas da queda de energia. "Estamos fazendo esforço, por meio do ministro (das Minas e Energias, Edison) Lobão, em garantir esclarecimento à população e ao próprio governo do que aconteceu, qual a extensão do problema, as medidas mais corretas para melhorar o sistema energético brasileiro e evitar situações como esta. E vamos fazer este esforço de forma a não politizar o debate."

Para Padilha, o papel da oposição neste momento deve ser propositivo. "Respeito muito a oposição. Ela tem papel muito importante na democracia, que é o de debater, sugerir alternativas. Eles já governaram o País, tiveram oportunidade de mostrar o que fizeram pelo sistema energético brasileiro e têm toda a possibilidade de sugerir. O que não se pode fazer é a politização de acidentes."

Na última semana, a equipe de Lobão estendeu o prazo para a entrega do RAP (Relatório de Análise de Perturbação) relativo ao apagão. O documento, que está sendo preparado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), deverá ser concluído até o dia 16.
O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, fez balanço preliminar e apontou duas hipóteses para o blecaute, ambas relacionadas ao clima: a queda de raio ou o efeito das chuvas que reduziram a resistência de equipamentos do sistema.