Economia Titulo Indústria
Químicos ampliam escolaridade

Trabalhadores do setor petroquímico com pelo menos o Ensino Médio saltam para 80% em 2010

Por Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
26/08/2013 | 07:10
Compartilhar notícia


Para responder às expectativas do mercado de trabalho e em busca de melhores remunerações, o profissional que atua no setor químico investiu em sua formação entre os anos de 2000 e 2010.

Com base no livro Os trabalhadores químicos no Brasil no século XXI, escrito pelo diretor do Instituto de Previdência de Santo André e pesquisador da área da saúde no trabalho da UNB (Universidade de Brasília) Remígio Todeschini, no setor petroquímico, por exemplo, em 2000, 55,3% da categoria estava na faixa dos que tinham pelo menos Ensino Médio. Em 2010, o contingente com essa escolaridade saltou para 80%.

Apesar de os dados serem do País, o cenário se reflete no Grande ABC, conta o autor do livro (veja tabela acima). “Ao longo dos anos, os profissionais notaram a necessidade de se especializar para terem um plano de carreira”, diz.

Todeschini esclarece que os químicos atuantes em empresas do Grande ABC se subdividem: há, por exemplo, exigência de grande qualificação no polo petroquímico, nesse setor em que está o futuro desenvolvimento da química e de novos produtos, caso haja a continuidade de pesquisa e desenvolvimento. “Vale lembrar que, no mundo, existem 65 milhões de produtos químicos e esse número cresce em mais um milhão a cada ano, segundo a Sociedade Química Americana”.

Há o perfil dos trabalhadores de média qualificação no setor plástico, onde o trabalho é intenso e há evolução da escolaridade para o nível médio. No setor de tintas e vernizes há uma evolução crescente para novos produtos e trabalhadores com exigências de qualificação maiores. No setor farmacêutico, com o desenvolvimento de novos fármacos, cresceu consideravelmente a exigência de nível superior, explica o pesquisador.

Assim como a escolaridade, o rendimento médio desses trabalhadores melhorou. Com base no livro, nos últimos 11 anos o crescimento real dos salários (2000 a 2010) foi de 55% – em 2010, considerada a remuneração do mês de dezembro, a média nacional era de R$ 1.800.

A melhora da renda decorreu tanto da valorização do salário-mínimo (hoje em R$ 678), quanto do crescimento econômico. “Não podemos deixar de falar que o maior grau de escolaridade também se reflete no salário. E essa regra não vale apenas para o segmento químico, para profissionais de quaisquer áreas”, analisa o presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Paulo Lage.

DEFICIENTES

Todeschini destaca o fato de a categoria química inserir volume significativo de pessoas com necessidades especiais no mercado. “As (empresas) químicas contratam muitos deficientes, em relação às demais. Enquanto no setor químico os deficientes têm inserção de 1,2% do total de trabalhadores, entre os demais setores da economia essa inserção é de apenas 0,7% do total da força de trabalho”.


CARÊNCIA

Apesar do grau de escolaridade ter aumentado entre os químicos e demais profissionais, o mercado carece de técnicos. Só no Grande ABC, há deficit de 960 deles todos os anos, e esse número tende a crescer, conforme o Diário antecipou em matéria publicada no início deste ano. Essa é a estimativa do técnico em eletrotécnica e diretor do Sintec-SP (Sindicato dos Técnicos Industriais do Estado de São Paulo), Wilson Vieira Junior.

Ele explica que multinacionais dos segmentos de petróleo e gás, controle e processos industriais, infraestrutura, recursos naturais e produção industrial, por exemplo, buscam de várias maneiras uma fórmula para despertar entre os jovens o interesse por seus segmentos.

De acordo com o diretor do Sintec-SP, até 2015, devem surgir mais de 50 mil vagas ao ano para técnicos na indústria de petróleo, gás e energia e também no segmento naval (indústria naval e estaleiros). Vale lembrar que o curso técnico é a porta de entrada de jovens estudantes no mercado, o que não os impede de se qualificar ao longo dos anos e de suas carreiras.
 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;