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Jipe de corpo e alma
Vagner Aquino
Enviado a Campinas
03/08/2011 | 07:00
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Ele é pau pra toda obra. Assim pode ser definido o Mercedes-Benz G 55 AMG, que nasceu em 1979 para vencer as dificuldades dos mais diversos ambientes, seja no asfalto, na terra, ou até na água.

O modelo desembarcou no Brasil no início da década de 1990. De lá para cá passou por constantes evoluções - inclusive na forma de comercialização, passando da importação sob encomenda para a demanda em larga escala - a partir de 2009. No ano passado foram vendidas nove unidades. "Até o fim de 2011 esperamos dobrar o número de emplacamentos", diz Dirlei Dias, gerente de vendas da marca.

Pelo modelo, a Mercedes pede US$ 295 mil, quase R$ 457 mil. Para justificar o preço, o veículo vai muito além da imponência da carroceria, que abusa das linhas retas e é erguida por rodas de 19 polegadas e pneus 275/55 R19.

Da porta para dentro - apesar da inclinação do vidro não nos deixar esquecer que estamos a bordo de um jipe - o habitáculo é digno dos demais modelos da Mercedes. E não é só pela estrela de três pontas cravada no volante, mas, principalmente, pelo conforto. Ponto também para a vasta tecnologia que embarca junto com os cinco passageiros no interior do G 55 - que faz jus ao sobrenome AMG. Na lista de série, destaque para itens como sensor de chuva, câmera de ré, teto solar elétrico, controlador e limitador de velocidade, freios ABS, oito air bags, CD player com MP3, iPod, USB, bluetooth e bancos em couro (com memória e aquecimento na dianteira).

 

ENCARANDO O OFF-ROAD

Para conferir como anda o G 55 AMG, o Diário avaliou o modelo em um circuito montado dentro da fábrica da montadora em Campinas, interior de São Paulo.

Entre abismos, pedras e atoleiros, o jipão realmente mostra a que veio. Mesmo com a força do motor 5.5 V8 de 507 cv a 6.100 rpm e torque de 71,4 mkgf, é necessário o empurrãozinho da opção 4x4 reduzida, que dobra o torque do bloco e reduz a velocidade, grudando-o no chão.

Declives ou aclives também não são problema. O G 55 AMG encara até 80% de inclinação. Para subir, basta colocar primeira marcha e pisar no acelerador - até 1.500 giros. Já no momento da descida, o trabalho é ainda mais fácil. Quando estiver na cara do gol (com a dianteira embicada no abismo), a ordem é (também) engatar a primeira e curtir o momento. É isso aí, basta soltar os pés - do freio e do acelerador - e deixar o carro descer. A tração permanente nas quatro rodas e o sistema 4ETS ficam responsáveis pelo controle total.

No caso de inclinação lateral, é suportável avançar sobre 54 graus. Em um dos trechos do trajeto, exploramos os 53º, onde uma das rodas acabou ficando no ar. O que fazer? Fácil, basta acionar uma das três opções de bloqueio de diferencial com eixos rígidos, que é capaz de vencer obstáculos com uma só roda tracionada - bloqueando as outras três.

Depois disso, trechos com lama, caixas de ovos (com depressões de até 30 centímetros) e as estreitas trilhas do percurso tornaram-se tarefa fácil...

 

Suavidade na condução on-road

 

Com carroceria de aço, o modelo pesa 2.580 quilos. Mas, na hora de encarar os trechos urbanos, nada de moleza.

Para chegar aos 100 km/h, o G 55 AMG precisa de apenas 5,5 segundos. São 210 km/h de velocidade máxima - limitada eletronicamente.

Aqui vale um parênteses. Se você acabou de sair de um trecho off-road, é preciso lavar o carro, dando atenção especial à limpeza do radiador (para eliminar problemas causados pela contaminação da lama) e das rodas, pastilhas de freio e discos, que, com barro acumulado, acabam comprometendo o desempenho do veículo na estrada, causando aquela incômoda vibração em altas rotações.

Com respostas rápidas, o câmbio automático de cinco velocidades, com opção de trocas sequenciais na alavanca, confere ainda mais leveza no trânsito do dia a dia. Comprovamos a teoria nas estradas e ruas que rodeiam a fábrica da montadora. Sem contar que chegar ao limite de velocidade da estrada (120 km/h) é quase uma obrigação ao dirigir este 4x4. O ronco do V8 é de tirar o chapéu.

Talvez por isso uma estimativa aponte que mais de 90% do público comprador de SUVs sequer chegue perto da lama, desconhecendo os recursos oferecidos por este tipo de veículo. Principalmente para quem mora em São Paulo (60% do público consumidor, no Brasil) infelizmente o G 55 AMG acaba tendo apenas a função de vencer buracos e as águas de enchente - que nos visitam frequentemente entre os meses de dezembro e março.




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