Economia Titulo Tombo
Economia do País volta ao patamar de 2009 e entra em recessão

No 2º trimestre, PIB cai 9,7%, menor percentual desde 1996; na região, queda pode atingir 12%

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
02/09/2020 | 00:06
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A crise gerada pela pandemia do novo coronavírus fez com que a economia brasileira entrasse em recessão. O PIB (Produto Interno Bruto), soma de todas as riquezas produzidas no Brasil, teve duas quedas seguidas, sendo a do segundo trimestre um tombo de 9,7%, na comparação com os três primeiros meses do ano. No primeiro trimestre o recuo foi atualizado para 2,5%. Em valores correntes, o PIB totaliza R$ 1,653 trilhão neste ano, o que significa que regrediu ao patamar do fim de 2009, época da turbulência econômica internacional.

A queda de abril a junho, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) é histórica. O País nunca tinha visto diminuição tão acentuada na geração de riquezas num trimestre. Desde 1996, quando metodologia foi adotada, maior redução havia sido no quarto trimestre de 2008, de 3,8%.

Na comparação com o segundo trimestre de 2019, a retração é de 11,4%. Para especialistas, a região pode ter a situação agravada por causa da dependência da indústria, que no País obteve a maior queda, de 12,3%, tendo a indústria de transformação encolhido 17,5% – percentuais similares aos do Grande ABC. O ramo de serviços veio na sequência, com retração de 9,7%.

Na comparação com o segundo trimestre de 2019, a indústria teve queda de 12,7%, a mais intensa da série histórica. A indústria da transformação, mais uma vez trouxe o pior resultado, com recuo de 20%, outro recorde negativo, influenciado, principalmente, pelo recuo na fabricação de veículos. Por isso a região, onde há cinco montadoras, sofre mais.

O coordenador do Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura) da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Jefferson José da Conceição pontuou que, em relação ao primeiro trimestre, a queda no PIB das sete cidades pode ter sido maior que a nacional, entre 10% e 12%. “A indústria caiu mais que a média, e ela possui peso majoritário na geração de riquezas da região, além de ser o maior empregador e o mais atingido durante a crise.”

O coordenador do curso de administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, também acredita em impacto maior no Grande ABC, com perdas de 9,5% a 10%. “Temos que lembrar que o auxílio emergencial foi prorrogado com metade do valor (o governo anunciou ontem o pagamento de mais quatro parcelas no valor de R$ 300) e isso deve pressionar mais o mercado de trabalho. Temos 19 milhões de pessoas que não estão procurando emprego por causa do benefício, e que devem aparecer mais nas estatísticas de desemprego, que deve subir nos próximos meses”, disse. “O desafio para 2021 é que vai acabar o orçamento de guerra, e será preciso mais tração para a economia, que, por mais que cresça, não deve recuperar o que perdeu em 2020."




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