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São Paulo começa a testar vacina chinesa

Estado projeta que estudo com 9.000 voluntários esteja concluído
em 90 dias; avião com 20 mil doses chegou ontem a Guarulhos

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
21/07/2020 | 00:01
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Governo do Estado de SP


As primeiras doses da vacina contra a Covid-19 produzida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech, sediado em Pequim, chegaram ontem ao Brasil e começam a ser aplicadas em 9.000 voluntários brasileiros hoje. O material seguiu direto do aeroporto de Guarulhos para a sede do Instituto Butantan, na Capital, responsável por administrar as imunizações, que serão feitas por 12 centros médicos e laboratórios, entre eles o da USCS (Universidade Municipal de São Caetano).

A expectativa é a de que o estudo, que está na fase três, a última antes de a imunização ser colocada à disposição da população em geral, esteja concluído em 90 dias, conforme anunciou o governador João Doria (PSDB), durante coletiva de imprensa realizada ontem no Palácio dos Bandeirantes. Segundo o tucano, a Capital recebeu 20 mil doses – fabricadas na China. Se o estudo apresentar resultado positivo, o imunizador será produzido no Brasil, pelo Instituto Butantan, no início de 2020, que tem capacidade para 120 milhões de doses. “Hoje (ontem) é momento histórico. É dia de esperança para milhões de brasileiros e para habitantes de outros países, onde essa vacina também poderá ser aplicada”, comemorou Doria.

A parceria entre o Estado e o laboratório chinês permite a testagem em 9.000 voluntários, todos profissionais da saúde e que estejam na linha de frente no combate ao novo coronavírus. A testagem começa hoje com 890 médicos, paramédicos, enfermeiros e técnicos do Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo). Outros voluntários serão testados nos demais 11 centros selecionados, como a USCS, porém, sem previsão de início para aplicação da vacina, já que as unidades dependem de o Instituto Butantan enviar, não só as doses, mas os equipamentos necessários, como geladeiras, por exemplo, além dos profissionais que farão a imunização.

Os profissionais da saúde que desejam participar do estudo se inscreveram na semana passada em plataforma criada com essa finalidade. Além de trabalhar na linha de frente, os voluntários precisam atender a outros requisitos, como não ter anticorpos da doença e as mulheres não podem estar grávidas ou com intenção de engravidar nos próximos três meses. O número de voluntários destinados aos centros de pesquisa ainda não foi informado, no entanto, o governo do Estado anunciou que mais de 1 milhão de pessoas se inscreveram com intenção de fazer o teste.

Otimista, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, prevê que a primeira fase do estudo seja concluída em setembro, quando os voluntários passarão a fazer parte da fase de acompanhamento final. “A qualquer momento podemos ter a abertura parcial do estudo que indique a eficácia da vacina”, explicou.

A partir da aplicação do imunizante, os voluntários serão avaliados a cada duas semanas, além de relatarem em diário os sintomas e estado de saúde. Os testes serão acompanhados por comissão de pesquisadores internacionais, que terão acesso à plataforma científica para observar o andamento e garantir transparência em todo o processo.  

Relatório aponta eficácia de imunização inglesa

Além da vacina chinesa, que será testada em São Paulo, outros dois estudos estão em fase avançada no mundo, um deles é desenvolvido pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, e que também imuniza voluntários na Capital e em outros Estados. Ontem, cientistas do centro universitário inglês apresentaram resultados considerados positivos e seguros.

Segundo os pesquisadores, o imunizante, chamado AZD1222, não provocou efeitos colaterais graves e desenvolveu respostas imunes a anticorpos e células T, conforme publicado na revista médica The Lancet. Os resultados, porém, referem-se às fases um e dois de testes. A terceira etapa está sendo testada em 50 mil pessoas, incluindo 5.000 brasileiros, que começaram a receber as doses em junho, em estudo liderado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

“Esperamos que isso signifique que o sistema imunológico se lembre do vírus, para que nossa vacina proteja as pessoas por período prolongado”, disse o principal autor do estudo, Andrew Pollard, da Universidade de Oxford. “No entanto, precisamos de mais pesquisas antes de confirmarmos que a vacina protege efetivamente contra a infecção por Sars-CoV-2 (novo coronavírus) e por quanto tempo dura a proteção”, explicou.

A AstraZeneca assinou acordos com governos de todo o mundo para fornecer a vacina caso ela se mostre eficiente e obtenha aprovação regulatória. A empresa disse que não buscará lucrar com a vacina durante a pandemia. Segundo a agência Reuters, um dos acordos foi feito com o governo brasileiro e prevê que a vacina seja produzida no país pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz),

A vacina de Oxford está entre as principais candidatas na luta contra a Covid-19. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), existem atualmente 163 doses candidatas contra o novo coronavírus em desenvolvimento em todo o mundo. Apesar da alta expectativa, a vacina de Oxford pode ter registro aprovado apenas em junho de 2021, de acordo com Soraya Smaili, reitora da Unifesp.

OUTRO ESTUDO
A Rússia anunciou semana passada que concluiu fase de testes de vacina contra a Covid-19, afirmando estar perto de iniciar a distribuição à população, o que deve ocorrer a partir do dia 12. A dose aprovada foi desenvolvida pelo Centro Nacional de Pesquisa para Epidemiologia e Microbiologia Gamalei.




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