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Andreense conhece o mundo pelo dinheiro

Alex Peres coleciona cédulas de várias partes do planeta, todas com alguma história para contar

Vinicius Castelli
Do Diário do Grande ABC
12/07/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


Alex Sandro Peres nunca saiu do Brasil. Ainda assim, diz conhecer o mundo todo. E viaja, de dentro de casa, por meio dos papéis-moeda que coleciona. Iraque, Cuba, Irã, França, Itália, China, Alemanha. Dos lugares mais diversos, o morador de Santo André tem alguma história guardada para contar.

A paixão pelas cédulas começou quando tinha por volta de 12 anos, quando seu tio, Edvaldo Geraldeli, que vive no Interior, lhe mostrou as notas que tinha guardadas. Quando notou o gosto do sobrinho, lhe presenteou com algumas. Daí em diante, o amor por reunir dinheiro só aumentou. Foi lendo sobre o assunto, falando com pessoas que colecionavam havia mais tempo, aprendendo sobre a história monetária de cada país e, aos poucos, construindo sua coleção.

Hoje, aos 46, o analista de crédito e cobrança soma cerca de 200 peças em papel e algumas moedas, e dos mais diversos períodos e locais. E a grande maioria é fruto de doação. “As pessoas, ao longo dos anos, foram sabendo desta paixão, e oferecendo notas que estavam guardadas em casa”, conta Peres.

Um dos casos é de uma senhora que trabalhava com ele, dona Cida. Ela estava na empresa havia cerca de 70 anos. “Perguntei se ela tinha notas antigas. Ela disse que sim e iria procurar. Meses depois me chamou dizendo ter achado as cédulas. Tudo novinho, eram cruzeiros, do Brasil, dos anos 1950. Ela disse: ‘São suas’”, conta. Como agradecimento, Alex encontrou em sua coleção uma nota do ano e, curiosamente, da data que a senhora havia nascido, 8 de janeiro de 1923. “Fiz uma cópia colorida e dei para ela. Que felicidade ela ficou”, recorda.

Peres conta que a empresa onde trabalha tem uma filial no Mato Grosso. Um dia, perguntou a um conhecido se havia alguém que colecionava notas por lá. E um dos colaboradores possuía material que foi herdado do avô, combatente da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). “Um dia chegou tudo pelo malote. Notas de vários países da Europa, da Áustria, França, algumas cédulas que eram usadas na Itália no período da Segunda Guerra, para as pessoas trocarem por comida”, diz, animado. “Até dinheiro do Marrocos veio”, recorda.

Entre as cédulas surgiu também a mais antiga de sua coleção, uma nota impressa em Berlim (capital da Alemanha), que data de 1910. Das mais curiosas, ele cita uma cédula de 3 pesos, de Cuba, com o revolucionário argentino Ernesto Che Guevara (1928-1967) estampado nela. “Tenho também uma de 1 peso, que um amigo em trouxe de Cuba”, gaba-se.

Outras que cita com gosto são as notas de 5.000 e 50 mil cruzeiros reais, brasileiras e ambas de 1993, antes da entrada do real, no ano seguinte. “São complicadas de achar”, revela. Outro item curioso é um cheque, também presente de seu tio, que data de 1925, do Banco Comercial do Estado de São Paulo, no valor de 500 mil réis.

Estar em contato com as peças que guarda em pastas com plásticos, pegar a lupa para ver detalhes e conquistar novas cédulas é terapêutico para ele. “Me faz muito bem. Passo uma tarde inteira arrumando as coisas e nem percebo.”

Ele explica que suas notas são todas circuladas, ou seja, foram usadas mundo afora. Ele explica que entre os colecionadores, muitas delas não têm valor de mercado, por já terem sido usadas e conterem dobras, às vezes. Mas, para ele, são de valores histórico e emocional imensuráveis. “Imagino o que essas cédulas já compraram, por onde e pelas mãos de quem passaram. O dinheiro conta a história do mundo mesmo sem sair do lugar”, encerra. 




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