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Religiosos temem aumento da polarização no Brasil

Representantes de comunidades no Grande ABC mostram aflição com possibilidade de crescer divisão no País pós-eleição

Daniel Tossato
21/10/2018 | 07:00
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DGABC


 A polarização política que divide o País preocupa representantes de diversas correntes religiosas. O Diário ouviu líderes  do Grande ABC, que externaram aflição com a possibilidade de a divisão aumentar no Brasil pós-eleição.

Enquanto o líder de religiões de matriz africana relata medo de perseguição, o porta-voz da comunidade muçulmana alega que as mesquitas têm de atuar como local de mediação. A Igreja Católica, por sua vez, confeccionou cartilhas para seus fiéis.

Com 400 terreiros filiados, a Fucabrad (Federação de Umbanda e Cultos Afro Brasileiros de Diadema) é presidida desde 1986 por Cássio Lopes Ribeiro. O pai de santo afirmou que a situação política é sempre debatida no seu terreiro e em diversos outros. “A política é coisa séria. Não direcionamos o voto, mas apontamos que há candidato que já fez declarações racistas e xenófobas”, disse o religioso, em alusão ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Atual deputado federal, o parlamentar tem estrita ligação com a religião evangélica. “Há integrantes de religiões afros que já disseram que votarão em Bolsonaro. É uma escolha deles, não podemos interferir. Mas fico temeroso pela nossa religião”, adiantou Cássio.

Parte da preocupação do pai de santo tem relação com vídeo que corre nas redes no qual Bolsonaro declara que “as minorias terão que ser curvar às maiorias”, quando o deputado falava de religião. “Se Bolsonaro vencer, temo por perseguição.”

Bispo da Diocese de Santo André, dom Pedro Carlos Cipollini declarou que o povo está decepcionado e ferido com a política. Para o líder católico na região, a divisão do País só será revertida quando Executivo, Legislativo e Judiciário decidirem fazer valer a Constituição Federal. A Igreja Católica tem distribuído a seus fiéis cartilha pregando voto consciente. São 70 mil exemplares com orientação sobre pesquisa séria dos candidatos a presidente e a governador. “A igreja não encampa nenhum partido ou candidato em respeito à pluralidade de tendência de seus fiéis”, alegou o bispo.

A preocupação com a divisão entre os brasileiros também chegou à comunidade muçulmana, liderada no Grande ABC pelo sheik Jihad Hammadeh. Ele argumentou que não indica políticos, já que as práticas partidárias não são debatidas dentro da mesquita. “Tenho comigo que a nossa mesquita tem que agir como local de mediação e convívio entre seus integrantes. Decidimos não escolher um candidato, mas conversamos para que se leve em conta um político que carregue com ele os mesmos princípios que nós temos”, afirmou.

Até o momento não houve qualquer rusga entre representantes da religião, mas é comum que haja debate, segundo Jihad. “Nossos fiéis são pacíficos. Temos o amor e a paz como guias. Se todos os brasileiros começarem a pensar assim, esta divisão se dissiparia.”




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