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Lembranças de Aldino Pinotti em tempo de eleições

Se estivesse vivo, mesmo fora da política partidária, Pinotti estaria comentando os resultados da eleição de ontem

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
01/11/2010 | 00:00
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O jovem Aldino Pinotti, de São Bernardo, gostava desses tempos de eleições, não importa se municipais, estaduais ou para a escolha do presidente da República. Se estivesse vivo, mesmo fora da política partidária, Pinotti estaria comentando os resultados da eleição de ontem. Não se furtaria a palpites. E com certeza lembraria dos políticos do seu tempo - e os anteriores a ele.

Ah, os discursos do prefeito Aldino Pinotti. Gostava de dizer que São Bernardo foi percorrido pelas sandálias de jesuítas e teve lideranças republicanas, entre as quais José Luiz Flaquer, o Dr. Flaquer, que residia em Santo André mas estava sempre em São Bernardo e outros distritos.

Meninote, Pinotti gostava de espiar pela janela que dava para a Rua Marechal Deodoro os debates da Câmara Municipal, no velho prédio preservado que hoje leva o nome de Antonino Assumpção. Aqueles homens sérios, vindos de vários pontos do Grande ABC, que se digladiavam por suas posições políticas e que depois tomavam, juntos e felizes, um café no Bar Expresso - se é que o Bar Expresso já existia.

Dona Angelina Scopel, mãe de Aldino (ou Aldo, como dizia os mais chegados), orgulhava-se do filho. Nem tanto do político, mas do marceneiro, profissão nobre a um tempo em que a cidade era a Capital do Móvel.

Da sua bancada de trabalho Pinotti alcançou o mais alto cargo da sua São Bernardo. E dizia sempre que quando morresse gostaria de ter uma placa no Largo da Matriz onde estivesse escrito: "Ele ajudou a fazer esse jardim". Prefeito Marinho, esse desejo jamais foi consumado.

EM TEMPO
O velho Pinotti andava sempre com barbantes no bolso. Se passasse no Paço e visse uma roseira com galho quebrado, ele parava o carro oficial, preto e reluzente, para amarrar o galho e salvar a flor.

ELEITORES EM 1898
Pouco antes da eleição de Campos Sales à Presidência da República um fato insólito registrou-se no então jovem Município de São Bernardo - instalado em 1890. O subdelegado Arthur Queirós dos Santos invadiu o Paço da Câmara e arrebatou livros e talões de diplomas que eram distribuídos pelo funcionário Ítalo Setti aos eleitores.
O assunto gerou o ofício nº 6, de 7 de janeiro daquele ano, enviado ao secretário do Interior.

Assinam o ofício nomes conhecidos da política local: coronel Oliveira Lima (presidente da Câmara Municipal), Alfredo Flaquer (prefeito), Gustavo Rathsam, Luiz Bruno e Vicente Linguanoto (vereadores). Os políticos do futuro Grande ABC pediam providências.

Aldino Pinotti sequer havia nascido, ele que é de 1912.




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