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Grana recorre a fundos municipais para fechar as contas da Prefeitura

Prefeito de Sto.André pressiona gestores para utilizar parte dos recursos no pagamento de salários

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
26/11/2016 | 07:00
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Ricardo Trida 30/10/16


Em período de crise nas finanças, o governo do prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), recorreu a fundos municipais na tentativa de fechar as contas da administração e cumprir com as obrigações, a exemplo da folha de pagamento do funcionalismo público, acrescida nesta época de fim de ano. O próprio chefe do Executivo tem pressionado gestores de Pastas e departamentos a utilizar parte desses recursos específicos na quitação de salários e benefícios a servidores, como 13º, além de fornecedores. A postura interna e de aperto, contudo, provocou nesta semana impasse para levantamento de verba direcionada ao fundo municipal de iluminação pública.

Informações de bastidores dão conta que Vitor Mazzeti Filho, diretor do Departamento de Manutenção e Obras, responsável pelo fundo, que contém atualmente cerca de R$ 12,5 milhões, foi procurado em três ocasiões por Grana e o secretário de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos, Carlos Sanches, o Carlão (PT), com pedido, em todas as reuniões, de liberação do montante atrelado ao fundo para o Tesouro municipal – a última conversa aconteceu na terça-feira. Mazzeti é o único na Prefeitura a ter a senha eletrônica que permite o uso dos recursos vinculados e, de acordo com relatos, não cedeu às solicitações dos superiores. No caso, cogitou-se a perda da gratificação do servidor.

Para aval aos recursos, são obrigatórias as assinaturas do diretor e do secretário de Mobilidade. Engenheiro, Mazzeti está desde 1990 como concursado do Paço, porém hoje ocupa cargo comissionado, situação vigente desde janeiro de 2013, quando iniciou a gestão petista, na qual chegou a exercer, por breve tempo neste ano, posto de chefe da secretaria. Mazzeti e Carlão não foram localizados para comentar o assunto.

O posicionamento de Mazzeti, conforme indicações de pessoas próximas, deu-se com base em pareceres jurídicos contrários à utilização desta verba para destinação do Tesouro. Isso porque há entendimento de alguns técnicos de que o dinheiro alocado no fundo, em maior parcela advindo de arrecadação da CIP (Contribuição de Iluminação Pública), necessita ser voltado, exclusivamente, para investimento em iluminação, como manutenção, ampliação e modernização do sistema por meio de serviços contratados de terceiros e uso de estrutura própria. Em Santo André, essa medida não é adotada.

Grana admitiu as solicitações e a prática ao descartar qualquer tipo de irregularidade no procedimento. Segundo o petista, a emenda 93/2016, promulgada recentemente no Senado Federal, dá amparo para tal finalidade. “Podemos usar 30% dos fundos. Não é só o de iluminação. Em Santo André, há vários fundos com objetos específicos. Isso (transferência) está sendo feito, de fato. Não é só para pagar folha. É para honrar todos os compromissos da Prefeitura. O fim de ano é problema. É período duro, difícil. Olha o Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul (com dificuldades para pagar salários). Temos compromissos essenciais que precisamos cumprir até o fim do ano. E, para mim, salário é compromisso fundamental.”

O prefeito rechaçou, no entanto, briga para a liberação do fundo, embora reconhecendo a discordância do subordinado no caso. “Não teve bate-boca com ninguém. Se alguém está falando isso, está fantasiando. É peça de ficção.”
(Colaborou Raphael Rocha) 




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