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Duas grandes figuras do cinema japonês voltam às telas
Do Diário do Grande ABC
16/12/1999 | 13:17
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Duas grandes figuras do cinema japonês, Akira Kurosawa e Nagisa Oshima, voltam a brilhar nas telas. No caso de Kurosawa, com um filme póstumo terminado por sua equipe, e no do diretor de ``O império dos sentidos', com seu primeiro longa-metragem de ficçao em 13 anos.

Os japoneses assistem esta semana ``Gohatto', de Oshima, mas terao que esperar o ano 2000 para ver ``Ame Agaru' (``Depois da chuva'), o projeto inacabado de Kurosawa, que morreu em setembro de 1998, aos 88 anos.

No dia do enterro do mais célebre cineasta japonês, os membros de sua equipe prometeram essa obra (``cujo roteiro estava praticamente concluindo, faltando apenas dez linhas') seria concluída. A equipe conta com o filho mais velho do diretor, Hisao Kurosawa, que dirige a produtora cinematográfica Kurosawa Production.

``Naturalmente', a direçao foi confiada a Takahashi Koizumi, assistente do diretor durante 28 anos e ``quem melhor poderia compreender e concretizar suas idéias'.

Para este seu primeiro longa, Koizumi foi mais rápido que seu mestre, já que ``o rodou em dois meses, com sessenta pessoas, quando meu pai previa que precisaria de seis meses e 120 pessoas', diz sorrindo Hisao Kurosawa.

Assim como ``Gohatto', ``Ame Agaru' é uma história de samurais. Relata a vida de um ``ronin', samurai sem mestre com muita destreza no manejo da catana. Atendendo aos desejos de Kurosawa, ``Ame Agaru' é uma ``história simples, pouco espetacular', diz seu filho. Obra contemplativa e positiva, fala da vida livre e do amor entre o samurai e sua mulher, à sombra das belas montanhas japonesas. ``O filme deve passar um sentimento de grande serenidade aos espectadores', disse.

``Gohatto' é um filme muito mais complexo, à imagem e semelhança de Nagisa Oshima, cineasta provocador e controvertido. Descreve o mundo fechado de um cla de samurais de elite, os Shinsen-Gumi, encarregados de combater em Kioto, em 1865.

Entre esses ``homens excepcionais' acontecem vínculos de ciúme mais ou menos secretos, que sao avivados pela chegada ao grupo do jovem Kano, ``de cativante beleza'.

Oshima, 67 anos, nao rodava desde 1986, quando dirigiu ``Max, meu amor', filme realizado na França com Charlotte Rampling como principal intérprete. Esta longa ausência se explica por seu interesse por outros gêneros (televisao, documentários), pela crise financeira do cinema japonês e por problemas de saúde. Em 1996, o cineasta sofreu um derrame cerebral que o deixou parcialmente paralítico. ``Cheguei a pensar que jamais poderia voltar a filmar', disse.

Oshima se declara ``muito satisfeito' com ``Gohatto', filme ambicioso e complexo, que vinha planejando ``há 20 anos'. ``Gohatto' pode ser apresentado no próximo festival de Cannes. Por sua vez, ``Ame Agaru' foi projetado ``hors concours' na última Mostra de Veneza.




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