Economia Titulo Mercado de trabalho
Indústria do Grande ABC elimina 21.900 empregos

Número de cortes no setor de produção equivale
à metade da população de Rio Grande da Serra

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
17/09/2014 | 07:05
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Marina Brandão/DGABC


O setor industrial do Grande ABC cortou, nos últimos 12 meses até agosto, 21.900 postos de trabalho, que equivalem praticamente à metade da população de Rio Grande da Serra (41,6 mil) ou ao quadro de pessoal de duas grandes montadoras da região juntas.

O número, apurado pela pesquisa do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) realizada com empresas associadas das regionais da entidade na região, significa 61 demissões por dia durante o período. Até julho, tinham sido cortados 19,1 mil postos, ou 53 diariamente.

Essa piora do nível do emprego ocorre pela continuidade do movimento de redução de profissionais nas fabricantes. No mês passado, nos sete municípios, houve o fechamento de 1.400 vagas, o que representou redução de 0,65% em relação ao total de pessoas empregadas em julho. Foi o pior resultado para agosto da série histórica, iniciada em 2006. Isso apesar de ter havido desaceleração em relação ao mês anterior, quando foram cortados 2.500 postos.

Entre as regionais do Ciesp, a de Diadema foi a que registrou a maior retração no mês: 650 empregos a menos nas fábricas. “A cidade está no olho do furacão”, afirma o diretor da regional da entidade no município, Donizete Duarte da Silva, argumentando que boa parte das 1.200 indústrias diademenses com mais de dez funcionários é da área de autopeças. E o setor automotivo passa por dificuldades, por causa do cenário de demanda retraída por veículos. “Os pedidos estão minguando”, assinala. A produção automobilística do País diminuiu 18% neste ano até agosto frente aos números do mesmo período de 2013. O segmento também sentiu, no início do ano, a descontinuidade de modelos como o Uno Mille, o Gol G4 e a Kombi. “Tivemos o impacto desses encerramentos de atividades”, diz o secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Sivaldo Silva Pereira, o Espirro. Duarte da Silva cita ainda que o portfólio dos fornecedores também diminuiu devido ao avanço da tecnologia embarcada dos carros, o que levou as montadoras a ampliar a importação.

Agosto já deveria mostrar melhora em algumas atividades, por causa dos preparativos da indústria para atender o varejo para o fim do ano. Para o dirigente da regional do Ciesp de Diadema, com o consumo retraído o comércio pode atrasar os pedidos.

A situação é crítica, diz o diretor da regional do Ciesp de São Bernardo, Hitoshi Hyodo. “Medidas paliativas estão sendo tomadas, como a redução do Imposto de Renda para lucros de operações no Exterior, mas o mais importante são as implementações de medidas estruturantes no sistema tributário nacional e sólidos investimos em infraestrutura“, diz. 




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