Corredores cheios, carrinhos com muitos ovos de Páscoa e crianças escolhendo seus chocolates preferidos. Quem deixou para ir ontem ao supermercado teve que driblar o grande número de consumidores que passavam entre as parreiras do item sazonal.

Com tamanha demanda, alguns tipos de chocolate já se esgotaram, principalmente os infantis que trazem consigo brinquedos e brindes. Os mais baratos foram os primeiros a acabar. "O jeito é gastar um pouco mais e levar os caros mesmo. Quem tem criança em casa fica refém dessa data, não tem jeito", avalia a comerciante Fátima Regina Mendes, 32 anos. Em seu carrinho havia 18 ovos de chocolate, entre eles o Sonho de Valsa, Diamante Negro, Alpino e mais de cinco do tipo Kinder Ovo. "Vou passar tudo no cartão de crédito e dividir em algumas vezes. No total, vou gastar cerca de R$ 540. A verdade é que não deixo de comprar. É tradição na família. Todos dão e todos ganham", conta.

A equipe do Diário percorreu supermercados da região e constatou que a média de desembolso com ovos das famílias varia entre R$ 200 e R$ 500. Os chocolates escolhidos tinham valor entre R$ 26,90 e R$ 39,90, em média.

A assistente administrativa Marlene Alves, 49, guardou R$ 300 para presentear oito pessoas. Dessas, quatro são crianças. "Se o dinheiro não der para levar ovos para todos, vou comprar apenas para os menores e os demais vão ganhar colomba e caixa de bombons."

A empresária Rita de Cássia Blanco, 54, achou os preços ‘salgados'. "O negócio é pesquisar dentre as opções que restaram, as mais baratas. Quero presentear meus funcionários e, mesmo gastando acima do estimado, terei que comprar."

Conforme publicou o Diário no início do mês, o valor de um mesmo ovo pode variar até 59% entre as redes supermercadistas da região - caso do Sonho de Valsa de 530 gramas, da Lacta, que foi encontrado por R$ 31,45, em Mauá, e a R$ 49,99, em Diadema.

FILAS - Apesar do grande movimento nos corredores com os doces típicos da Páscoa, as filas para pagar eram parecidas com as de fim de semana comum - média de três carrinhos por caixa. O maior movimento estava nas unidades rápidas, voltadas aos clientes com até 12 itens - com cerca de 20 pessoas na fila.

Com a proximidade do pagamento do fim do mês, muitos consumidores aproveitaram a Sexta-feira Santa para fazer compra mensal. "Já que minha mulher quis vir no mercado para adquirir itens de Páscoa, aproveito para fazer a compra completa", diz o administrador de empresas, Murilo Alcantara, 35.

O aposentado Joaquim Ferreira, 65, junto com sua mulher Alice, 61, também faziam as aquisições mensal, mas com a ajuda de uma calculadora. "Tenho R$ 300 para gastar, afinal de contas, toda semana acabo deixando nos mercados R$ 150 com mistura e frutas." Neste mês, o casal teve que desembolsar mais R$ 300. "Precisamos comprar um docinho para os quatro netos, o bacalhau e o peixinho para hoje (ontem)", detalha Ferreira.

Bacalhau tem pouca saída

Diferentemente dos ovos de chocolate, os supermercados da região ainda estão bastante abastecidos com bacalhau. As ilhas (locais onde os itens ficam expostos) estavam cheias do produto na tarde de ontem. Em contrapartida, as peixarias estavam mais movimentadas e com menos opções de compra.

O elevado preço cobrado pelo quilo do alimento é um dos motivos da redução das vendas. "O (bacalhau) do Porto sai por quase R$ 38. Com esse valor compro quase dois de peixe fresco, que dá menos trabalho para fazer", avalia a dona de casa Nadir Rodrigues, 51 anos.

O quilo de peixes inteiros, por exemplo, varia entre R$ 17 e R$ 20, dependendo do tipo, como a curvina e a tainha, que podem ser feitas no forno. "A criançada, geralmente, não gosta de bacalhau. Por isso, acabo optando por levar filé de pescada. Isso é bom porque economizo bastante", diz a advogada Maria Alice do Carmo, 38.

Uma opção para quem não abre mão de fazer o tradicional bacalhau no domingo de Páscoa é comprar o do tipo Ling, cujo quilo é vendido entre R$ 21,71 e R$ 21,90.