Setecidades Titulo Atraso
Prainha ficará pronta
depois do fim do verão

Inauguração era prometida para março de 2011; Prefeitura
de São Bernardo atribui a demora a alterações no projeto

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
31/12/2012 | 07:00
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As obras de revitalização da Prainha do Riacho Grande, em São Bernardo, estão previstas para serem concluídas no fim de março, após o término do verão. A inauguração do espaço será feita com um ano de atraso. O projeto prevê a retirada dos trailers da orla da represa, a conscientização sobre os perigos para banhistas e a proibição de estacionamento no entorno da área de lazer.

Além da construção de deck central em frente à Praça da Figueira, falta concluir o paisagismo, a iluminação e a instalação de bancos e mesas. A partir de março, será proibido o estacionamento na orla da represa e no entorno da Prainha. Agentes de trânsito já são vistos no local para orientar os motoristas.

Outra mudança que ainda será feita é a transferência dos 24 trailers para quiosques localizados no calçadão. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Jefferson da Conceição, está previsto chamamento público no início do ano para que os comerciantes ocupem os novos espaços.

"Vamos criar condições de financiamento e auxílio, como cursos de manuseio de alimentos", diz o secretário. A ideia é manter um comércio organizado e com regras de uso, de forma que a atividade não prejudique o meio ambiente, explica.

Segundo Conceição, a demora para a conclusão das obras está relacionada à complexidade do projeto, tendo em vista que se trata de área de proteção ambiental. A primeira etapa foi iniciada em junho de 2011 e a segunda, dois meses depois. A promessa era de que as intervenções fossem finalizadas no primeiro trimestre do ano passado. "Tivemos de fazer alterações no projeto, como o recuo dos decks localizados dentro da costa da represa a pedido da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia)", explica.

Além da readequação, a administração já executa ações para desestimular os banhos na represa. Conceição informa que serão colocadas placas alertando para a inexistência de balneabilidade na área, que já registrou diversos acidentes fatais envolvendo banhistas. "O pessoal vai poder continuar frequentando a Prainha para curtir o dia, tomar sua cerveja e comer", destaca o titular da Pasta.

A revitalização custou cerca de R$ 7 milhões, sendo a maior parte obtida por meio de convênio com o Ministério do Turismo, assinado em dezembro de 2009. O restante, 8%, foi investido como contrapartida municipal.

Conceição também atribui a demora a mudanças na Pasta federal, cujo comandante, Gastão Vieira, assumiu o cargo em setembro de 2011. "Houve dificuldade na gestão dos recursos porque toda vez que troca o ministro a obra é paralisada", observa.

Mudanças preocupam comerciantes locais

Além de preocupar os comerciantes ilegais instalados na orla da Prainha há cerca de 20 anos, em razão da mudança dos trailers para quiosques, as alterações propostas pela Prefeitura também desagradam proprietários dos restaurantes no entorno do espaço.

Para o dono de um dos barcos instalados à beira da represa, Lucindo da Silva, a proibição do estacionamento na orla afastará os clientes. "Os turistas terão de deixar o carro longe e pagar caro em estacionamentos privados ou parar na rua, com risco de serem roubados", critica.

Apesar das cerca de 15 reuniões já realizadas entre os proprietários dos trailers e representantes da Prefeitura, muitos dizem não saber para onde vão e quando deixarão o local.

Ao citar as melhorias feitas no Parque Estoril, uma garçonete que prefere não se identificar relata que a tendência é o esvaziamento da Prainha. "Apesar de o parque estar bem cuidado, proibiram de entrar na represa e de vender destilado e cerveja em garrafa", comenta. Segundo ela, apesar de irregular, o comércio é tradicional e tem clientes antigos.

Para os turistas, o desestímulo ao banho na represa não surtirá efeito, tendo em vista a cultura local. "Aqui é uma opção para quem quer fugir do tumulto no Litoral", comenta o fiscal Elmir Bezerra da Silva, 29 anos. Segundo ele, só há perigo para aqueles que abusam e nadam em pontos com maior profundidade.

Na visão da cozinheira Vanuza dos Santos, 39, o risco de afogamento sempre existe em qualquer praia. "É perigoso em qualquer lugar, por isso, que a gente tem que ficar de olho", alerta.

CUIDADO
Tendo como exemplo as melhorias realizadas no Parque Estoril em 2010, com custo de R$ 14 milhões, o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Jefferson da Conceição, destaca que a relação entre os turistas e o espaço tende a melhorar. "Observamos que o uso no Estoril deixou de ser predatório e, provavelmente isso também vai acontecer na Prainha", avalia.

Moradores preveem problemas no trânsito

A revitalização da Prainha do Riacho Grande é vista com desconfiança por moradores do entorno. A comunidade local já enfrenta dificuldades de locomoção aos fins de semana e teme que, com as mudanças, a tendência seja de aumento no fluxo de pessoas e de veículos.

O Fórum dos Moradores da região cobra, há cerca de um ano, alternativa para substituir acesso do km 31 da Via Anchieta, fechado pela Ecovias em agosto de 2011. Segundo eles, a promessa da Prefeitura era de que o novo trevo, no km 30,6, fosse entregue em abril. A única opção para acessar o local continua sendo saída no km 29, congestionada aos fins de semana ensolarados.

O novo acesso será implantado a 600 metros da saída provisória que foi fechada, onde já existe viário que alcança indústria próxima do local.

A Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) e a concessionária Ecovias já deram parecer favorável à obra. A Prefeitura desenvolve o projeto executivo da intervenção. A administração municipal, por sua vez, destaca que a aprovação depende de licitação ambiental junto à Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).

Em novembro, a Prefeitura informou que, após aprovação, o tempo previsto para início das obras é de um mês, sendo necessários três meses para conclusão. A estimativa é de que sejam gastos R$ 1 milhão.

Apesar de destacarem que não são contra melhorias, os moradores consideram necessárias adequações de infraestrutura para que o subdistrito comporte toda a movimentação.




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