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Cilindro de GNV requer cuidados

Veículos movidos a gás natural necessitam de instalação adequada e requalificação

Por Vagner Aquino
19/09/2012 | 07:00
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Muita gente ainda tem dúvida se vale ou não a pena optar por um carro movido a GNV (vulgo Gás Natural Veicular). Mas, antes de tantas dúvidas como cotações e comparações de preços entre combustíveis, cálculos e recálculos, a pergunta é: como proceder corretamente e evitar riscos na hora de trafegar por aí com um veículo movido a gás?

Pois é, infelizmente o brasileiro pensa no bolso e acaba deixando a segurança de lado. Mas é importante colocar a mão na consciência, pois, para se ter ideia, hoje, mais de 90% dos casos de explosão de veículos são causadas por cilindros usados e com processo de requalificação incompleto e indevido.

 

CERTIFICADO

Antes de tudo, vale alertar o consumidor que desde 2000, os cilindros produzidos para o armazenamento do GNV são certificados pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). Os OCPs (Organismos de Certificação de Produto) acreditados pelo Inmetro submetem aos mais variados tipos de teste componentes como: suporte do cilindro de GNV, linha de alta pressão de GNV, linha de baixa pressão de GNV, válvula do cilindro de GNV, válvula ou dispositivo de abastecimento de GNV, válvula ou dispositivo externo de abastecimento de GNV, redutor de pressão de GNV, sistema de ventilação - invólucro.

Hoje, o Brasil reúne mais de 1,7 milhão de veículos movidos a gás natural, informa o Comitê de Gás Natural Veicular do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis. Mas, ao contrário do que muitos pensam, o que pode provocar acidentes não é o componente em si, mas o descuido dos proprietários dos veículos.

"Desde 1991, quando foi inaugurado o primeiro posto de abastecimento de GNV no Brasil (e iniciadas as comercializações e instalações em veículos), todos os acidentes que aconteceram com vítimas, foram provocados por adulterações realizadas nos cilindros pelos donos dos veículos", explica Claudio Torelli, diretor regional da Angis (Associação Nacional dos Organismos de Inspeção Veicular) em São Paulo, e diretor do Cata (Centro de Avaliação Técnica Automotiva).

No topo da lista dos descuidos mais comuns entre os donos de carros movidos a GNV, está a busca desenfreada pelo preço baixo.

Quando já usados, os kits GNV apresentam preços, em média, 31,5% inferiores aos modelos novos, mas essa economia pode ser fatal. É o preço pago por optar pelas gambiarras, pelos equipamentos inadequados e mesmo pelos cilindros sem a garantia da requalificação.

Outra vilã dessa história é a instalação em oficinas não homologadas pelo Inmetro. Muitas vezes o consumidor desconhece os riscos que esta prática oferece. Mas o Diário foi atrás de respostas. De acordo com Torelli, para saber se a oficina é reconhecida pelo órgão, "basta entrar na pagina eletrônica (site) do Inmetro e buscar o link ‘oficinas registradas'."

 

REQUALIFICAÇÃO

Outro equívoco é a falta de manutenção. Periodicamente os cilindros devem passar pela requalificação, "um ensaio de segurança que o cilindro reservatório de GNV deve ser submetido a cada cinco anos, a fim de avaliar se continuam próprios para o armazenamento de gás de alta pressão, conforme determinação de normas e regulamentos do Inmetro. É o mesmo ensaio hidrostático realizado nos cilindros de mergulho, oxigênio hospitalar, extintores de incêndio etc", detalha Torelli.

Vale ressaltar que o proprietário do veículo deve ir até uma oficina registrada no Inmetro que desmontará o cilindro e o enviará para uma empresa requalificadora - que também deve ser registrada no Inmetro. O valor do ensaio é de aproximadamente R$ 150 mais a mão de obra de desmontagem e montagem da oficina.

Investimento que vale a pena para não correr riscos, pois "historicamente, atendidas as normas de instalação, manutenção e realizadas as inspeções anuais do sistema GNV, não temos notícias de acidentes", enfatiza Torelli.

 

Especialista esclarece dúvidas

 

Sim. O sistema GNV (Gás Natural Veicular) pode ser instalado em todos os tipos de veículos e cilindradas. A instalação consiste na adição de uma central eletrônica de controle de injeção do GNV no motor do veículo, um redutor de pressão e um cilindro de armazenamento exclusivo para o gás. Vale ressaltar que o carro continua com o sistema original de combustível líquido funcionando normalmente. Em oficinas especializadas, registradas no Inmetro, o serviço demora entre cinco e oito horas.

Segundo Claudio Torelli, diretor regional da Angis (Associação Nacional dos Organismos de Inspeção Veicular) em São Paulo, e diretor do Cata (Centro de Avaliação Técnica Automotiva), atualmente é mais comum a conversão de veículos com motorização a partir de 1,4 litro. Em relação à média de preços, "cerca de R$ 4.000", explica o executivo,

"Esse investimento retorna rapidamente se considerarmos que a economia por quilometro rodado é de aproximadamente 50% (preço médio São Paulo) se comparado com a gasolina ou o etanol."

Ao contrário do que muitos pensam, a retirada do sistema GNV do veículo (que também deve ser realizada por oficina registrada no Inmetro) exclui qualquer tipo de rastro, não deixando tubulações sem uso ou algum componente prejudicial à vida útil do automóvel.

 

DE FÁBRICA

Hoje, apenas o Fiat Grand Siena Tetra Fuel (à esquerda) vem de fábrica com o sistema de GNV. Livre de gambiarras, o sedã parte de R$ 44.830 e agrada, principalmente, aos taxistas, que rodam quilômetros e quilômetros diariamente.




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