Não era da cor que Mayra Aguiar (foto) esperava, mas a medalha de bronze conquistada ontem, em Londres, ocupará o principal lugar na galeria pessoal da judoca gaúcha. Líder do ranking mundial (até 78 kg), ela sabia que tinha grandes possibilidades de conquistar o ouro, mas vacilou e foi eliminada na semifinal. Demonstrando reação, superou as dores no braço esquerdo e a holandesa Marhinde Verkerk para conquistar a primeira medalha olímpica da carreira.

A brasileira conta que foi do céu ao inferno em poucos instantes. Após a dolorida derrota para a norte-americana Kayla Harrison - que mais tarde conquistou o ouro - por ippon após imobilização, ela chegou a se desesperar. "Confesso que tive muita vontade de chorar", contou a judoca, que foi consolada por Aurélio Miguel, primeiro medalhista de ouro do Brasil na modalidade, em Seul-1988. "Ele (Aurélio) me falou: ‘Não acabou ainda, tem outra competição, vamos buscar esta medalha'", revela.

Poucos minutos depois, de volta ao tatame, Mayra escondia segredo por baixo do quimono: o golpe que sofreu na derrota para a norte-americana deixou sequelas e bastante dolorido o cotovelo esquerdo da judoca. "Coloquei esparadrapo antes da luta, mas pensei: pode arrancar um pedaço do meu braço que vou lá ganhar o bronze", contou, já com aplicação de gelo após a luta que lhe rendeu o bronze.

Mayra não tinha muito tempo. Se a holandesa percebesse a deficiência em seu braço seguramente iria explorar os golpes. Até por isso, a brasileira foi para o tudo ou nada e conseguiu vencer com apenas um minuto e 29 segundos de luta. "Ela teve lesão ligamentar leve, mas faremos ressonância na Vila Olímpica para saber melhor. Nós aplicamos analgésico via oral, fizemos a bandagem e pedimos para ela terminar logo a luta", revelou o médico da Seleção Brasileira, Breno Schor.

O resultado não poderia vir em melhor momento. Hoje é o aniversário da judoca, que completa apenas 21 anos e já foca a preparação para os Jogos do Rio de Janeiro, em 2016. Além do bronze olímpico, Mayra acumula a medalha de prata no Mundial de Tóquio (2010) e o bronze no Mundial de Paris, em 2011.

Com o resultado de ontem, o Brasil soma três medalhas no judô, já que no primeiro dia de disputa, Sarah Menezes havia conquistado o ouro e Felipe Kitadai o bronze.

Ainda ontem, Luciano Correa (até 100 kg) enfrentou o holandês Henk Grol nas oitavas de final, não conseguiu fazer boa luta e acabou perdendo por um wazari, após sofrer três penalizações.

Hoje, no último dia da modalidade, Maria Altheman (acima de 78 kg) e Rafael Silva (acima de 100 kg) são as esperanças do Brasil.