Oa chilenos vao às urnas no próximo domingo eleger entre um correligionário de Salvador Allende e um ex-colaborador de Augusto Pinochet, depois de mais de um ano de recessao econômica.
Os 8,08 milhoes de eleitores chilenos devem definir, pela primeira vez em um segundo turno, o sucessor do presidente Eduardo Frei, e a opçao fica entre o socialista Ricardo Lagos, da governista Concertación, e o direitista Joaquín Lavín, ex-assessor do regime do general Augusto Pinochet (1973-1990), detido em Londres há 15 meses.
O ``caso Pinochet', que permaneceu quase ignorado na agenda eleitoral, passou para um primeríssimo plano nos últimos dias, apesar dos analistas acharem que o mesmo nao vai influenciar na preferência dos eleitores. ``Eles preferem esconder Pinochet', afirmou Frei há dez dias, ao aludir à estratégia do comando de Lavín, que optou por ignorar a situaçao do ex-ditador.
Lagos advertiu que o idoso general deve ser julgado no Chile, onde é alvo de 55 processos criminais por fatos ocorridos durante seu regime.
Lavín considerou ``muito positiva' a intençao britânica, mas anunciou que nao irá ao aeroporto para recebê-lo, já que depois das eleiçoes sairá de férias.
No primeiro turno, em 12 de dezembro, Lagos venceu Lavín por 31.142 votos, obtendo 47,96% dos votos, contra 47,52% de seu adversário. Lagos era o favorito do primeiro turno, apesar do notável crescimento de Lavín nas pesquisas.
Depois dos resultados, o candidato oficialista disse ter entendido o recado do povo e, com seu slogan ``Chile, muito melhor', se esforçaria por unir todos os chilenos. Lavín, por sua vez, afirmou que manteria sua ``mensagem de mudança' e que sairia em busca do voto de quase um milhao de chilenos que nao se decidiram por nenhum dos candidatos. Em repetidas oportunidades, o economista de 46 anos reiterou suas críticas à Concertación, denunciando que ``nao havia feito nada em 10 anos'. Em seu último comício de 7 de dezembro, enfatizou estar convencido de sua capacidade para mudar a vida dos chilenos ``Somos nós que podemos fazer uma mudança de verdade'.
Lagos criticou a demagogia de Lavín para captar a adesao dos chilenos. ``Nao sao os que nos calaram com a ditadura que vao nos ensinar as tarefas que temos pela frente'. Em suas viagens pelo Chile, o candidato opositor nao hesitou em apresentar-se como um homem do povo, enquanto a recessao estava em seu apogeu, o que fez seu nome ganhar ponto nas pesquisas.
Apenas no final de outubro passado, o governo do presidente Frei recuperou a calma ao provar o fim da recessao depois de uma queda consecutiva de 11 meses dos índices econômicos, terminando o ano com um desemprego de 10% (590 mil pessoas) e uma inflaçao de 2,3%.
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