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‘Velozes e Furiosos 3’ estréia em sete salas
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
11/08/2006 | 08:10
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De saída, o diretor taiuanês Justin Lin já avisa: não quer fazer do protagonista de Velozes e Furiosos 3 – Desafio em Tóquio, o delinqüente juvenil Sean (Lucas Black), um herói. Na apresentação do longa, o terceiro da linhagem cinematográfica que apresenta a juventude pelo filtro dos motores, Sean tem a oportunidade de salvar um adolescente da ação de vândalos. Dá as costas, e terá mais duas ou três atitudes de indiferença semelhante ao longo de VF3, como ao resolver uma briga de modo pacífico no telhado da escola. Lin prescinde do herói para falar do coletivo, para falar da juventude como um todo, e não por meio da singularização de hábitos.

Não significa que VF3 não tenha protagonista. O garoto Sean, depois de provocar acidente durante um racha, viaja a Tóquio para evitar uma temporada no xilindró. Passa a morar com o pai e, a despeito das recomendações, envolve-se com um grupo de mafiosos juvenis com estreitas ligações com a Yakuza. O principal passatempo dessa turma não poderia ser outro: a disputa de corridas clandestinas em percursos improváveis nas ruas e em prédios de Tóquio.

Lin se esforça para prosseguir com a linha-mestra da série Velozes e Furiosos. O primeiro, dirigido por Rob Cohen e que tinha Vin Diesel e Paul Walker no elenco, procurava sintetizar obstinações juvenis (o sexo e a velocidade como atos de desobediência civil) como documentação moral de uma sociedade. O segundo, de John Singleton, tinha o dado étnico como complemento da fórmula.

Em VF3, a capacidade de síntese dos anseios e do cotidiano dessa mesma juventude é maior. E, por conseqüência, mais simplista. Há o desfile de carros tunados (com a mecânica e a carroceria personalizadas) e os duelos de velocidade nos quais a derrapada é uma manobra fundamental. Mas há, por outro lado, a mecanização do que sustentava o primeiro VF.

Todo o envolvimento social dos jovens deste terceiro filme depende do movimento coletivo, código de um mundo restrito e exclusivista. Os acordos sexuais dependem do carro, como atesta a cena em que dois rapazes ao volante insinuam uma dança de acasalamento diante de um automóvel com duas passageiras; a introspecção depende do carro, como no instante em que Sean e seu interesse amoroso (a mocinha Neela, vivida por Nathalie Kelley) serpenteiam por uma estrada nas montanhas, acompanhados por um rebanho de automóveis. Não há vida fora dos motores e a contestação que é característica da juventude já não existe mais – o fato de os policiais do filme não perseguirem motoristas que correm a mais de 180 km/h é apenas um comprovante dessa assimilação da rebeldia. Não há mais o que enfrentar.

O primeiro filme da série expunha isso com uma certa nota crítica. O terceiro, com uma certa dose de comodismo.

VELOZES E FURIOSOS 3 – DESAFIO EM TÓQUIO (The Fast and the Furious: Tokyo Drift, EUA, 2006). Dir.: Justin Lin. Com Lucas Black, Nathalie Kelley, Bow Wow, Vin Diesel. Estréia hoje no ABC Plaza 4 e 7, Shopping ABC 3, Extra Anchieta 4, Metrópole 1, Mauá Plaza 2 e 5, Central Plaza 1 e 2 e circuito. Duração: 104 minutos. Classificação: 14 anos.



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