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Casal de São Bernardo supera o novo coronavírus

Primeiros casos no Grande ABC, moradores de São Bernardo se preparam para volta à rotina

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
26/03/2020 | 00:01
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O que era para ser viagem com boas recordações se transformou em pesadelo. O casal Cristiane Gassmann Calixto, 51 anos, e Edison Calixto Silva, 52, é proprietário de imobiliária no bairro Rudge Ramos, em São Bernardo – e reside na mesma região – e ao retornar da Itália, foi diagnosticado com o novo coronavírus, os dois primeiros casos confirmados no Grande ABC. Depois de 15 dias em isolamento, eles sentem que estão entre as 113 mil pessoas em todo o mundo que conseguiram superar a Covid-19.

O casal embarcou para Itália dia 21 de fevereiro, quando o país europeu registrava 14 casos confirmados da doença. Cristiane e Edison detalham que, na última semana por lá, em Cervinia – município de Valtournenche –, foram com grupo de brasileiros praticar esqui, quando perceberam que, além deles, outras pessoas já apresentavam os sintomas do vírus. “Febre muito forte, diarreia e desgaste físico. Só que, até então, achávamos que era alguma refeição que nos fez mal, tanto que eu acordava bem, mas sentia sintomas ao longo do dia”, destaca Cristiane.

Eles retornaram ao Brasil dia 9, quando os casos na Itália já passavam de 9.000, o que dificultou para encontrar álcool gel e máscaras para uso no Exterior. “Nosso voo ao Brasil foi cancelado, conseguimos outro, com escala na Alemanha, e o que nos assustou foi a quantidade de pessoas no avião com tosse, inclusive nós dois”, observou Cristiane.

Chegando a São Paulo, o cenário era de caos. O aeroporto de Guarulhos, segundo o casal, estava lotado e sem controle de possíveis infectados. “Um amigo nosso, que encontramos por acaso, estava com os mesmos sintomas e resolveu passar pelo médico no aeroporto. A consulta não demorou 15 minutos e logo ele foi liberado, sem nenhuma observação sobre a doença”, lembra Cristiane.

Chegando em casa, o casal deixou as malas e foi ao Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Cristiane, por cursar estética, tinha estoque de álcool e máscaras. “Lá (no hospital) já tinham atendimento específico para os casos suspeitos. Nem passamos por recepcionistas. Fomos encaminhados direto para ala isolada, onde fizemos o teste”, conta Cristiane. “Imediatamente entramos em isolamento. O hospital, inclusive, nos alertou sobre medidas e uso de remédios para febre. No dia seguinte, soubemos que testamos positivo. Durante todo esse tempo isolados, nossos vizinhos que fazem as compras em mercados, farmácias, deixam em nossa porta e vão embora”, destacou a família.

Hoje o casal completa 16 dias de isolamento e garante que a maioria dos sintomas não sente mais. “O cansaço, a perde do paladar, febre alta e diarreia já não sentimos há dias. O que restou foi a tosse seca, mas nem se compara ao dia em que chegamos no Brasil”, compara Cristiane.

Eles não se sentem seguros para sair de casa, mas buscam alternativas, diariamente, para combater o vírus até o fim. “Nós já praticávamos exercícios regularmente e temos alimentação saudável, o que acredito que tenha nos ajudado. Então, neste período, procuramos comer bastante fruta, água com limão e também ficar na sacada tomando pouco de sol”, detalha.

Cristiane comenta que, além de não se sentirem seguros para sair de casa, eles não sabem se estão 100% curados. “O hospital informou que o mínimo (de isolamento) eram sete dias ou até zerar completamente os sintomas. Então, seguimos o segundo item, pois estamos nos sentindo bem, porém 95% ainda”, comenta.

ESTÃO CURADOS?
Diante de incertezas que existem sobre o novo coronavírus, a cura traz dúvidas. Médica especialista em ozonioterapia e presidente da Sobom (Sociedade Brasileira de Ozonioterapia Médica), Emília Gadelha Serra avalia que para o paciente testar negativo é necessário repetir o exame. “Sugiro que o casal vá ao hospital que realizou o exame positivo e refaça, após não estar com sintoma do vírus, pois é sinal de que o corpo desenvolveu os anticorpos necessários”, avalia.
A chance de contrair a doença novamente também é incerta. “Seguindo a teoria imunológica, não tem chance de contrair a doença de novo, pois o corpo já adquiriu imunidade. Porém, segundo os estudos divulgados, o vírus da Covid-19 pode ficar no corpo, se a imunidade cair, há possibilidade de o paciente contrair. Porém, isso está em estudos”, observa.

Já o médico e gestor do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Fernando Teles de Arruda, destaca que a palavra cura, neste momento, precisa ser tratada com cautela. “A cura clínica só é possível detectar em exames laboratoriais que buscam o material genético do vírus no organismo do paciente, mas ainda são exames restritos e não acessíveis”, avalia Teles. 




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