Na contramão do comércio de veículos zero quilômetro, as vendas de automóveis usados no Grande ABC registrou queda nos primeiros três meses do ano. Lojas multimarcas consultadas pelo Diário apresentaram uma redução média de 30% no volume de negócios entre janeiro e março na comparação com igual período do ano passado.

Apesar dos estoques em alta e a baixa nas vendas, a lei da oferta e procura não afetou os preços dos veículos usados mais comercializados – no caso os populares (com motor 1.0) de até R$ 20 mil –, que não sofreram reduções. Pelo contrário, segundo os lojistas ouvidos pela reportagem, esses carros têm se mantido valorizados nos últimos meses.

“Não é o preço que está espantando os clientes, e sim a própria situação (econômica) do país. Os financiamentos estão com taxas e prazos bons, mas não está adiantando”, desabafa o gerente da Club Car, de São Bernardo, Edson Moretti – que apontou queda de 50% nas vendas no primeiro trimestre de 2006 ante o mesmo período do ano passado.

Preço – Se o preço dos populares não atrai, o consumidor – com fôlego financeiro – pode encontrar bons negócios entre os veículos mais caros, da faixa acima de R$ 40 mil. Para girar e popularizar seus estoques, muitos lojistas têm vendido esse tipo de automóvel por valores até 5% abaixo da tabela. É o caso da Polyvel, também de São Bernardo. “Esses carros têm menos saída e o preço está menor porque pretendemos trabalhar com carros de giro rápido”, explica o proprietário da loja, Reginaldo da Silva Oliveira, que engrossa o coro da queda nas vendas: “Nos primeiros três meses de 2005 vendi cerca de 30% mais que no mesmo período deste ano.

Maré baixa – Entre as razões apontadas pelos lojistas para a maré baixa nos negócios, além da situação econômica, está também a expansão das facilidades para aquisição de veículos zero quilômetro. “As concessionárias estão oferecendo juros de até 0,99% e isso está afetando as vendas de usados. Além disso, as promoções também têm diminuido a diferença de preço de alguns modelos entre o novo e o usado”, explica Fábio Acencio, gerente da Manolo Automóveis, que apontou queda de 20% nas vendas de usados.