Política Titulo Eleições de 1989
Há 30 anos, expectativa era por tempos de democracia

Processo eleitoral de 1989 marcou gerações de pessoas por ser a primeira por voto direto após o fim da ditadura

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
01/12/2019 | 07:00
Compartilhar notícia
Arquivo/Diário do Grande ABC


O processo eleitoral de 1989 marcou gerações por ser a primeira edição por voto direto após o fim da ditadura militar (1964-1985) – o último presidente eleito havia sido Jânio Quadros, em 1960. A expectativa do pleito era por acentuar os tempos de democracia, diante do cenário de esperança por dias melhores. Foram 22 candidatos à Presidência, recorde até hoje. Palco de greves no período de repressão, o Grande ABC viu forte mobilização de eleitores nas ruas e contrariou naquele momento a votação registrada no âmbito nacional.

O primeiro turno ocorreu em 15 de novembro, data do centésimo aniversário da República. Os protagonistas foram Fernando Collor (PRN, hoje senador pelo Pros) e o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula foi o mais votado na região – exceção foi em São Caetano, com êxito de Paulo Maluf. O retrospecto mais expressivo de Lula se deu em Diadema, com 40,12% dos votos. Na segunda etapa, em 17 de dezembro, Collor se sagrou vencedor, com 53,03% dos válidos contra 46,97% do petista. Lula ganhou em todas as sete cidades, embora viu o eleitorado de Collor avançar justamente em São Bernardo – no município, o duelo ficou 170.330 votos ao petista ante 130.128.

Lideranças políticas fazem paralelo e relembram que mesmo a derrota do PT na oportunidade teve tom de ascensão do partido – principalmente no Grande ABC, considerado seu berço político –, uma vez que era também o debute ao Planalto. A disputa presidencial foi única na oportunidade. A eleição para governador, senador e deputados ficou para o ano seguinte, em 1990. A região elegeu nove representantes na empreitada, sendo dois federais (José Cicote e José Mendes Botelho) e sete estaduais (Gilson Menezes, Newton Brandão, Walter Demarchi, Ivan Valente, Professor Luizinho, Israel Zekcer e Daniel Marins).

Apesar de recém-desfiliado do petismo em 1989, Gilson Menezes, primeiro prefeito eleito pela sigla no País, defendeu Lula na campanha – ele deixou a legenda por brigas internas antes mesmo de sair do cargo de prefeito de Diadema, em 1988. “Para mim, foi aprendizado, porque em 1982 não houve discursos (na esfera municipal). A única promessa era abrir as portas da Prefeitura à população. E no sindicato a experiência era de campanha econômica (salarial dos trabalhadores). Já em 1989 tínhamos sonho muito grande de mudar o Brasil. Esse era o norte”, disse o ex-prefeito, atualmente crítico ao PT, ao considerar que “muita coisa mudou” do ponto de vista social, mas admite que está “longe do ideal”. “Infelizmente, muitos cederam (à corrupção) e quiseram encher o bolso.”

Luizinho avaliou que houve já naquela ocasião “golpe eleitoral”. “Houve o mesmo favorecimento das elites. O programa do PT tratava de fortalecimento de Estados e municípios. O que se viu foi perseguição”, alegou o ex-deputado, frisando que a Operação Lava Jato entrou de modo avassalador para acabar com o partido. “Quiseram transformar o PT em partido de ladrões, e agora estamos em vias de transformação, e temos que trilhar um bom caminho pela frente. Todo esse movimento levou ao descrédito total dos partidos, clima de ódio, de polarização raivosa, quadro de apatia. Temos papel grande de consciência coletiva. Necessitamos reverter esse cenário.” 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;