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O livro dos nomes
Por Carlos Brickmann
03/09/2017 | 07:00
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Tanto o eleitor reclamou dos mesmos de sempre que foi atendido: nosso presidente da República, na viagem de Temer, é Rodrigo Maia, presidente da Câmara. Já não é um dos mesmos, embora seja filho do fluminense César Maia. No lugar de Maia, na presidência da Câmara, um político novo em folha: André Fufuca. Se o caro leitor não sabe quem é, vai continuar não sabendo. Cá entre nós, não faz falta. Deixando o cargo, Fufuca volta ao limbo, ao lado de deputados como Cabuçu, Petecão, Carimbão, Salame, Chapadinha, Junior Marreca e Kaio Maniçoba. Todos bem pagos por nós.

Os novos não são problema: se não têm o que mostrar, são baixo clero para sempre. O problema é que os mais antigos e experientes, bem mais conhecidos, têm muito o que mostrar. Dois dos ministros de Temer, Geddel Vieira Lima e Henrique Alves, estão presos. Outro ex-ministro, Romero Jucá, é alvo de 14 inquéritos no Supremo. Oito ministros têm desempenho inferior: Blairo Maggi, Bruno Araújo, Aloysio Nunes, Moreira Franco, Helder Barbalho, Eliseu Padilha, Marcos Pereira e Gilberto Kassab estão sob investigação no Supremo. Seu assessor e amigo próximo Rodrigo da Rocha Loures está em prisão domiciliar. Seu ex-assessor Tadeu Filippelli está solto, mas em maio passou alguns dias preso. Todos foram amplamente citados em delações premiadas.

E o próprio Temer só não corre – agora – o risco de impeachment porque a Câmara negou autorização para investigá-lo.

 

Tá faltando um

Há ainda um político não tão próximo de Temer, mas seu aliado, que também enfrenta dificuldades: Eduardo Cunha, preso em Curitiba.

 

Questão de título

O problema é que, seja experiente, seja novo, seja cabeça-branca ou cabeça-preta (e onde é que localizariam o deputado catarinense Esperidião Amin?), parece que o político, para conquistar notoriedade e poder, não precisa ter currículo: basta exibir o prontuário.

 

Vai, volta...

Temer assumiu a Presidência da República, há pouco mais de um ano, prometendo colocar em ordem as contas, reduzir o número de ministérios, eliminar gastos. O que fez: deu generosíssimos aumentos a servidores já bem pagos, elevou a meta do deficit fiscal, mandou alugar um Boeing, maior que o AeroLula, para suas viagens, não dispensa nem a hospedagem no hotel mais caro de cada país que visita. Anunciou o fim do Ministério da Cultura, o Ministério da Cultura continua firme e forte. Mandou adaptar o Palácio da Alvorada, a residência oficial, para a segurança de uma criança, seu filho Michelzinho, e em seguida decidiu não se mudar para lá.

 

...adia

A última iniciativa dessas foi mudar o tipo de uso da Renca, reserva na Amazônia para mineração de cobre. A Renca era herança do regime militar: 47 mil quilômetros quadrados, do tamanho do Espírito Santo, reservados desde 1984 à pesquisa de minérios e mineração. Como deveria ser tocado por estatais, o projeto encruou. Temer o abriu para a iniciativa privada. Como de hábito, a comunicação oficial falhou. Passou para o público que Temer tinha liquidado uma reserva ambiental, para ajudar mineradores estrangeiros a lucrar com a devastação. Não era, mas Temer ainda deu dois recuos: 1 – trocando o decreto por outro mais claro; 2 – criando prazo de 120 dias para estudar o assunto. Daqui a quatro meses, quem vai se lembrar disso?

 

Dez vezes Joaquim Barbosa

Depois de longo silêncio, o ministro aposentado do Supremo Joaquim Barbosa volta a tratar de temas nacionais.

 

Disse ao jornal Valor:

1- Em nenhum país do mundo o presidente continuaria no cargo depois das acusações que Temer sofreu.

2 - Temer deveria ter a honradez de deixar a Presidência.

3 – É favorável às reformas propostas pelo governo Temer, mas acha grave que sejam conduzidas por um governo não respaldado pelo voto.

4 – Defende campanhas eleitorais mais curtas, com financiamento público “moderado”.

5 – Lula não deveria ser candidato. “Vai rachar o País ainda mais.”

6 – Não é candidato, mas percebe seu potencial. “Por onde vou as pessoas me abordam. Há potencial, mas não incentivo isso.”

7 – A denúncia contra Michel Temer é muito mais grave que as que levaram ao impeachment da presidente Dilma Rousseff.

8 – Um político que elogiou: Paulo Hartung, PMDB, governador do Espírito Santo. “Se eu entrasse nisso (política), iria chamá-lo.”

9 – O País foi sequestrado por um bando de políticos inescrupulosos que reduziram as instituições a frangalhos.

10 – Parlamentarismo é, para esses políticos, a maneira de perpetuar-se no poder e se proteger. E já foi rejeitado duas vezes pela população.




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