O primeiro-ministro Atal Bihari Vajapyee criou uma polêmica dias atrás quando propôs que uma comissao revisasse a constituiçao indiana. A idéia foi exposta a legisladores, diplomatas e outros convidados no Parlamento, por ocasiao do 50º aniversário da constituiçao.

O Partido Congresso, o principal de oposiçao, condenou a proposta, que também foi rejeitada pelo Partido Socialista e outros grupos da esquerda indiana. Os opositores temem que a coalizao governante, liderada pelo partido direitista Bharatiya Janata, de Vajpayee, tente mudar a democracia parlamentar da India para um sistema presidencial que concentre o poder no Executivo. Também temem que a revisao constitucional altere o caráter secular da constituiçao, já que o partido de Vayjapayee favorece o hinduísmo.

O presidente indiano, K.R. Narayanan, que goza de grande prestígio mas ocupa um posto sobretudo formal, também criticou a proposta do primeiro-ministro, e vários dirigentes regionais disseram que farao uma série de protestos por todo o país se o governo levar adiante seus planos.

A passeata de protesto do Partido Congresso foi realizada para coincidir com o aniversário da morte de Mohandas Gandhi, o pai da independência da India, que foi assassinado no dia 30 de janeiro de 1948, por um fanático hindú. A India comemora como o Dia do Mártir.

Muitos acreditam que o assassino de Gandhi, Nathuram Godse, era membro de um grupo hindu direitista, o Corpo de Voluntários Nacionais, órgao matriz do partido de Vajpayee.

Durante o protesto deste domingo, mais de 500 dirigentes do Partido Congresso marcharam até um monumento à memória de Gandhi no centro da Nova Déli, rezaram e colocaram oferendas florais. Depois, juraram "proteger o país do fanatismo religioso e do comunalismo e lutar pelos direitos das castas menores e dos pobres".