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Brasileiro que 'chegou lá' garante: K2 nunca mais
Por Angelo Verotti
Da Redaçao
18/08/2000 | 00:08
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  Recém-chegado do Paquistao, onde tornou-se no dia 29 de julho o primeiro alpinista brasileiro a escalar o K2, o segundo maior pico do mundo, com 8.611 m, - o primeiro é o Everest, no Nepal, com 8.848 m, também conquistado por ele em 1995 -, o paranaense Waldemar Niclevicz prometeu nesta quinta, durante entrevista coletiva em Sao Paulo, nunca mais colocar os pés naquela que é considerada a montanha mais perigosa do planeta, apelidada de "Montanha da Morte", "Montanha Maldita " ou "Montanha Assassina", por já ter vitimado fatalmente mais de 54 aventureiros. Até hoje, apenas 164 alpinistas atingiram o cume do K2.

"Nunca mais voltarei ao K2. Se eu soubesse que lá em cima era daquele jeito, acho que nunca teria ido", afirmou o alpinista, que durante a descida do K2 - após atingir o cume -, teve de passar a noite numa greta (fenda no gelo), a 8.400 m de altitude, sob uma temperatura de 30º negativos. "Felizmente, a noite estava calma e sem gelo. Eu fiquei tremendo durante todo o tempo, tentando nao dormir. Muitos alpinistas já morreram enquanto dormiam por causa do frio. Acho que nunca passei tanto medo em minha vida", completou.

Mas dormir ao relento nao foi o único contratempo enfrentado por Niclevicz e seus dois companheiros - os italianos Abele Blanc e Marco Camandona - durante a expediçao ao K2. Eles ainda viram um de seus 142 carregadores utilizados na escalada ser atingido violentamente no capacete por uma pedra caindo das alturas durante a subida entre os acampamentos 3 (7.450 m) e 4 (8 mil m). "Ele gritava de dor e começou a ter alucinaçoes. Entao, pedimos a dois dos carregadores que o levassem para o acampamento-base (5.100 m) para que o rapaz pudesse ser socorrido", contou.

A escalada também teve conseqüências desastrosas para o alpinista italiano Marco Camandona, que acompanhava Niclevicz e nao conseguiu chegar ao cume da montanha porque parte de seus dedos congelou. "Infelizmente, os médicos comprovaram que a necrose em seis de seus dedos é irreversível e eles vao ter de amputar a primeira falange de cada um desses dedos", contou Niclevicz.

Ainda se recuperando fisicamente dos difíceis momentos que enfrentou durante os 75 dias da expediçao ao K2, o alpinista quer recuperar os 12 kg perdidos na aventura e escrever um livro, no qual irá relatar toda as experiências vividas na sua terceira e dessa vez feliz tentativa de escalar o K2. Nas duas anteriores, em 1998 e 1999, Niclevicz teve de desistir das escaladas quando estava a menos de 600 m do cume do pico devido às más condiçoes climáticas, o que é uma constante na regiao e o que torna a escalada do K2 uma das mais difíceis do mundo.




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