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Utilitário ix35 traz eficiente câmbio manual
Wagner Oliveira
Enviado a Florianópolis
11/08/2010 | 07:02
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Com o amadurecimento do mercado nacional, consumidores mais sofisticados já nem consideram a possibilidade de comprar veículo na faixa de R$ 90 mil sem câmbio automático - eficiente recurso tecnológico que melhora, principalmente, a vida de quem habita as tumultuadas metrópoles brasileiras. A regra do mais moderno faz sentido, mas o crossover Hyundai ix35 é uma grata exceção.

A montadora coreana conseguiu, com o câmbio manual de cinco velocidades, acerto incrível no ix35, sucessor da atual geração do Tucson, veículo que permanecerá em produção no Brasil pelo menos até 2012.

Engates precisos, macios e robustez nas retomadas de aceleração fazem do modelo convencional uma opção mais barata e à altura dos que oferecem caixa automática.

Nesta versão do utilitário esportivo testada na ilha de Florianópolis, o pedal de embreagem não deixa a sensação de uma peça ultrapassada, mas sim componente aliado de quem ainda prefere a troca de marchas à antiga, de modo que o prazer e a esportividade possam ser muito mais explorados.

Esta conclusão veio depois de a equipe do Diário testar as versões mais sofisticadas do ix35, que já está à venda no Brasil em seis possibilidades de acabamentos, todas elas equipadas com motor 2.0. Embora estivesse disponível para teste em Santa Catarina na semana passada, o modelo que traz o motor de 2,4 litros ainda não tem previsão de ser comercializado no Brasil.

O câmbio manual só está disponível na versão de entrada, por R$ 88 mil. Para a versão básica, o preço não é dos mais atraentes. Por R$ 5.000 a mais, a segunda opção do catálogo já oferece a caixa automática de seis velocidades. A versão mais sofisticada custa R$ 118 mil.

Mas a de entrada já vem com uma boa variedade de itens de série, tais como freios ABS e EBD (distribuidor de força de frenagem). Com assentos de couro e som de série, o ix35 de entrada tem o interior tão bem elaborado quanto o oferecido nas versões mais luxuosas.

Com motor 2.0 de 163 cavalos a 5.500 rpm, o crossover (mistura de sedã, minivan e utilitário esportivo) da Hyundai ainda dá muito prazer com a velha e boa alavanca.


Negócio Hyundai é um dos mais lucrativos, diz executivo

Ele em voz em tom grave, olhar compenetrado e não foge das perguntas. Oriundo da área bancária, Annuar Ali é o vice-presidente da Caoa/Hyundai, onde está há 20 anos. O executivo é considerado o braço direito do polêmico empresário pernambucano Carlos Alberto Oliveira Andrade, cuja sigla dá nome ao grupo brasileiro que tem sociedade com a montadora coreana.

Ali foi o único representante da Caoa no evento de lançamento do crossover ix35, semana passada em Florianópolis. Ele conversou com jornalistas, mas a cena da festa sempre esteve com executivos coreanos, que, pela primeira vez, deslocaram-se em grande número ao Brasil para acompanhar a apresentação de um carro importante.

Apresentação que a Caoa, enquanto representante esclusiva da marca no Brasil, nunca teve preocupação em realizar. "Não justificava", rebateu Ali. "Quando vendíamos 20 mil, 30 mil veículos por ano, não precisávamos de evento desse porte. Mas neste ano, vamos vender cerca de 100 mil. Aí, a coisa começa a mudar de figura", disse ele, em entrevista ao Diário.

DIÁRIO - Por que a maioria dos jornalistas e consumidores ainda têm dificuldade em entender a parceria entre a Hyundai e a Caoa no Brasil?

ANNUAR ALI - No modelo de negócio estabelecido desde o início entre nós, ficou claro que faríamos investimentos e seríamos responsáveis pelos acertos ou fracassos. Assim, como eles vão se responsabilizar pelos negócios na fábrica que estão construindo em Piracicaba (SP), nós somos os responsáveis pela condução da unidade de Anapólis, que produz o Tucson e monta o caminhão HR. Além disso, o Grupo Caoa também comanda por boa parte da distribuição, com várias concessionárias de sua propriedade.

DIÁRIO - Vocês têm a intenção de produzir o novo ix35 também em Anapólis?

ANNUAR ALI - Sim, é um dos nossos objetivos produzir o modelo daqui a dois anos em Goiás.

DIÁRIO - Por que, então, os coreanos comandaram diretamente o lançamento do veículo, quando a Caoa irá produzi-lo no Brasil? Não deveria existir uma participação mais efetiva do sócio brasileiro?

ANNUAR ALI - Quem disse que não (está havendo)? Eu estou aqui (em Florianópolis) para isso. A nossa relação é muito boa.

DIÁRIO - O Grupo Caoa/Hyundai tem uma imagem, junto à imprensa especializada, de empresa fechada, de pouco contato. Por exemplo, vocês poucas vezes convidam jornalistas para a apresentação de novos modelos.

ANNUAR ALI - É um erro de interpretação. Antes, não se justificava fazer grandes conferências e apresentações à imprensa porque não tínhamos volume de vendas à altura. Agora, neste ano, devemos vender cerca de 100 mil veículos, já temos 3,6% do mercado nacional. Aí, as coisas começam a mudar de figura.

DIÁRIO - Há quem diga que, com os coreanos atuando mais efetivamente, o pós-venda começa a ser melhor trabalhado, com mais oferta e preços menores de peças de reposição ao consumidor.

ANNUAR ALI - Se houvesse esse tipo de problema, a marca não estaria dando saltos ano a ano e não teria alcançado o volume de vendas que registra nos últimos anos no Brasil. Nossos consumidores estão contentes com os nossos produtos - modernos e bem aceitos. A nossa rede de distribuidores também está bastante satisfeita. Há empresário que investiu cerca de R$ 2 milhões para abrir uma concessionária da marca, já recebeu oferta de R$ 5 milhões, mas não abre mão do negócio. Sabe por que? Representar a Hyundai hoje no Brasil é garantia de boas vendas e sucesso.

DIÁRIO - A primeira impressão é a de que o ix35, que, em outros mercados, é chamado de New Tucson, chegou muito caro ao Brasil. O senhor concorda?

ANNUAR ALI - Não. Chegou com preço adequado para disputar o mercado. Se a concorrência não posiciona o veículo ao contrário, como Chevrolet Captiva e Honda CR-V, nós não faremos também.

DIÁRIO - A Kia, marca do mesmo grupo, andou tendo desentendimentos com a Hyundai no Brasil. Está tudo resolvido?

ANNUAR ALI - Foi discussão de marketing, nada mais que isso. Agora, eu já vi muito pugilista fraquinho dizendo que ia bater no mais forte (risos).




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