A Casa Santo Antônio, conhecida como loja do seu Joaozinho, em Ribeirao Pires, fundada em 1945, é um exemplo de como os laços familiares influenciam na escolha profissional. O comerciante Marcelo de Oliveira Vicente, mesmo tendo concluído a faculdade de Administraçao de Empresas, preferiu ficar à frente da loja do avô, na mesma situaçao em que está seu tio, Joao Domingues de Oliveira Júnior, que se formou em Direito.

"No último ano da faculdade, meu avô faleceu. Como já trabalhava na loja, resolvi assumir o comando com o meu tio. O comércio é uma forma de manter viva a lembrança que tenho do meu avô e do meu bisavô, que também teve loja", diz Marcelo.

A família Castro, de Sao Caetano, mantém uma tradiçao de três geraçoes na Odontologia. O patriarca Joao Lourenço de Castro montou seu consultório em 1926, desvinculando-se da carreira do pai, que era fazendeiro. Quando os filhos Celso e Osvaldo de Castro fizeram 12 anos, Joao passou a levá-los ao consultório para que tivessem alguma ocupaçao. Com o tempo, se formaram em Odontologia. Dando seqüência à dinastia, o filho de Celso, Celso Lima de Castro Júnior, também visitava o consultório do pai e há 12 anos é dentista.

"Há 43 anos sigo na profissao do meu pai. Dos cinco filhos que tive, apenas um seguiu a minha profissao, o que mostra que nao obriguei ninguém", argumenta Celso Lima de Castro.

A administraçao da Padaria Brasileira, em Santo André, fundada em 1953, também está na terceira geraçao. Um dos atuais administradores da rede de padarias, Antonio Henrique Afonso Júnior, conta que seu avô passou a administraçao para seus pais e tios em 1959. Em 1987, a terceira geraçao aposentou os pais.

"Como nossos pais estavam cansados, quatro dos seis primos assumiram a administraçao. Dessa forma, profissionalizamos a padaria e tornamos o negócio de família uma empresa", conta Júnior, que divide o comando das padarias com três primos, entre eles Jorge Alberto Gennari.

A família dos advogados Eduardo Botallo e de seu filho Marcelo Botallo ainda está na segunda geraçao de profissionais, mas ruma para a terceira. "Eu, minha mulher e nossos pais somos advogados, e acho que isso pode influenciar o nosso filho, mas nao quero que haja pressoes", disse Marcelo, único que havia seguido a carreira do pai. Agora, porém, dois de seus três irmaos estudam advocacia, depois de se formarem em Engenharia e Comunicaçao Social.

Eduardo conta que nao interferiu na escolha dos filhos. "Se meus filhos quiserem ser lavadores de cavalo, que tentem ser os melhores dessa profissao", disse Eduardo.