Economia Titulo Varejo
Comércio da região terá pior resultado estadual

FecomercioSP estima faturamento de R$ 29,72 bi, queda real de 8,2% em 2014

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
17/12/2014 | 07:03
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Celso Luiz/DGABC


O comércio varejista do Grande ABC terá o pior desempenho do Estado de São Paulo neste ano, com queda real estimada de 8,2% no faturamento. Ao todo, o setor acumulará R$ 29,72 bilhões. A Capital será a dona do segunda pior variação, com decréscimo de 3,8% após o desconto na inflação e faturamento de R$ 162,26 bilhões.

Este será o reflexo da crise do setor automotivo, que tem influenciado o resultado da indústria da região e também causado o pessimismo no consumidor, que não tem certeza de que continuará empregado.

A estimativa faz parte da PCVC (Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista no Estado de São Paulo), da FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). A base para chegar ao resultado são dados da receita mensal informada pelas empresas varejistas à Sefaz (Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo).

O mau desempenho do Grande ABC está comparado com outras 14 regiões – que agregam todos os demais municípios do Estado – mais a Capital. Fazem parte do comércio varejista os segmentos de autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de departamentos; de eletrodomésticos e eletrônicos; móveis e decoração; vestuário, tecidos e calçados; materiais de construção; supermercados e outras atividades, nas quais estão incluídos os comércio de combustíveis, jornais, revistas e joias, por exemplo.

INFLUÊNCIAS - O assessor econômico da Fecomercio Guilherme Dietze destacou que a crise no setor automotivo tem influenciado toda a indústria da região. “Imaginamos aqui a consequência do setor. Ele é um dos principais distribuidores e geradores de renda para a região”, disse.

Ele foi além e justificou sua tese com o número de vendas das concessionárias de veículos no Grande ABC. Ele não tinha o valor fechado sobre o faturamento do segmento, mas disse que a previsão é de queda real de 13,4% em 2014.

Pontuou ainda que as demissões e queda de produção nas montadoras prejudicam outros setores, como o de autopeças e de serviços. Conforme o Diário publicou ontem, nos primeiros nove meses de 2014, a indústria da transformação reduziu o quadro de funcionários em 10.619 postos formais (com registro em carteira), tendo em vista que o setor metal-mecânico, onde está a maioria das empresas automotiva, foi responsável por 75% dessas dispensas.

As consequências da crise no setor automobilístico foram ainda mais longe, afetando as empresas do setor de borracha e plástico, que cortaram 1.774 vagas entre janeiro e setembro. Por fim, até o setor de serviços, que tem carregado a economia nas costas com resultados positivos, e que aumentou o número de empregos em 4.262 sofreu impacto da indústria automotiva. O segmento de transportes, correios e armazenamento enxugou o quadro em 1.943, por ter grande parte de seu mercado formado pelas fábricas.

“Em tese, as empresas de melhor qualidade de emprego e renda estão na indústria. Se o setor vai mal, se demite, o impacto que vai gerar nos demais setores da economia é grande”, explicou o coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, o professor de Economia Sandro Maskio.

Outro ponto apresentado pelo especialista da Metodista é o pessimismo proporcionado pelas condições econômicas e decisões das empresas. “Aqueles que não perderam o emprego vão dar preferência para segurar um pouco mais o dinheiro. Não querem comprometer mais ainda o orçamento.”

DEMAIS - O comércio varejista do Estado de São Paulo vai faturar R$ 528,29 bilhões, estimou a Fecomercio. Tal resultado significa redução real de 1,6%.

As cidades do litoral paulista são as donas do terceiro pior resultado estadual, com decréscimo real de 3,4%. O faturamento estimado é de R$ 17,97 bilhões.

Por outro lado, a região de Jundiaí deve apresentar a melhor variação, com alta projetado de 5,3% e previsão de faturamento da ordem de R$ 30,82 bilhões. 




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