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Linfoma tem tratamento gratuito

Faculdade de Medicina do ABC abre inscrições
para pacientes interessados em integrar estudo

Vanessa de Oliveira
Do Diário do Grande ABC
10/11/2014 | 07:00
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Andréa Iseki/DGABC


 O Cepho-FMABC (Centro de Estudos e Pesquisas de Hematologia e Oncologia da Faculdade de Medicina do ABC) está com inscrições abertas para atender, gratuitamente, pacientes com linfoma folicular, que integrarão estudo executado atualmente em diversos centros de pesquisas ao redor do mundo. 

A enfermidade é um tipo de câncer sanguíneo que atinge o sistema linfático e provoca aparecimento de gânglios em várias partes do corpo, como nas axilas, regiões cervical e inguinal.  Segundo as coordenadoras de Pesquisa Clínica do Cepho-FMABC, Andressa Sayuri Tamashiro e Mariana Dias, na Europa são aproximadamente 16,5 mil novos casos de linfoma folicular por ano. No entanto, a sobrevida média dos pacientes tem melhorado e atinge hoje mais de dez anos, principalmente a partir da utilização do medicamento biológico MabThera® (rituximabe anticorpo anti-CD20), somado à quimioterapia.

Embora com eficácia comprovada, a dificuldade para conseguir a medicação e o  alto custo do tratamento (pode chegar a R$ 15 mil por mês na rede particular de Saúde) limitam o acesso dos pacientes. É aí que entra a valiosa contribuição do estudo da FMABC, que buscará comparar um medicamento biológico similar (biossimilar) ao MabThera®/rituximabe.  “Essa medicação biossimilar que está em estudo tem as mesmas propriedades, eficácia e segurança do controle que já é comercializado. O objetivo é que se tenha disponível futuramente no mercado a mesma medicação com qualidade semelhante, porém, com custo menor”, destacou Andressa.

Os pacientes serão divididos em dois grupos: um receberá o remédio já existente e o outro será analisado com biossimilar, ambos aliados à quimioterapia.

CANDIDATOS -  Para integrar a pesquisa, podem se candidatar homens e mulheres maiores de 18 anos com diagnóstico confirmado da doença e sem tratamento prévio. Os interessados devem telefonar para (11) 4436-2094, ramal 115, ou escrever para contato@cepho.org.br.

As vagas são limitadas e a triagem inicial será feita por telefone. Os pacientes que se enquadrarem nos perfis da pesquisa serão chamados para consulta inicial. Os que forem aprovados passarão em consultas e serão submetidos a todos os exames necessários, estando aptos a receber as medicações em aproximadamente duas semanas. 

O atendimento ocorre no próprio Cepho-FMABC, localizado na Avenida Príncipe de Gales, 821, Santo André.

 “Já temos sete pacientes em tratamento nesse estudo, todos estão bem e com a doença controlada”, afirmou Mariana. 

Inicialmente, a pesquisa terá duração de seis meses. “Os pacientes recebem oito ciclos de tratamento, cada um com 21 dias, passam por uma avaliação e, se depois tiverem benefício clínico comprovado, continuam o tratamento de manutenção por mais oito ciclos. Após o término, permanecem com acompanhamento médico até que o patrocinador (fabricante do biossimilar) decida que já tem informações suficientes para provar que essa medicação é tão boa quanto a que já existe no mercado”, concluiu Andressa.

Um em cada cinco casos diagnosticados é folicular

Segundo a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, cerca de um em cada cinco linfomas é folicular. Esse tipo representa de 20% a 25% do total de casos dos chamados linfomas não Hodgkin, neoplasias malignas, originárias dos gânglios (ou linfonodos), organismos muito importantes no combate a infecções. Há mais de 20 tipos diferentes de linfomas não Hodgkin. 

Nesta modalidade, entre os sintomas estão gânglios aumentados no pescoço, axilas e/ou virilha. Em 2009, a então ministra da Casa Civil e atual presidente da República, Dilma Rousseff (PT), retirou um tumor de 2,5 centímetros em sua axila esquerda.

Luiz Vanderlei de Souza, 53 anos, morador de São Bernardo, notou, dois anos atrás, um caroço no lado direito da virilha, do tamanho de uma azeitona. Não deu muita importância. “Não sentia absolutamente nada. Trabalho na construção civil e fazia o serviço normalmente, praticava natação, fazia tudo normal. Para mim, era uma hérnia”, contou.

Por medo de agulha, ele não foi em busca de avaliação médica. Em fevereiro, ao cair de uma escada, sofreu uma luxação no cóccix que o deixou de cama por 40 dias. No mês seguinte, ao ser examinado pelo médico, veio a suspeita que a suposta hérnia na virilha tratava-se de um tumor. No Hospital Anchieta, em São Bernardo, constatou-se que Souza estava com linfoma folicular. “Minha perna foi inchando e virou uma pedra. No final de julho não ficava mais em pé. O tumor chegou a 20 centímetros por 13 de diâmetro”, recordou.

O paciente foi encaminhado para o Hospital Estadual Mário Covas e lá a médica que o atendeu falou sobre o estudo do qual o Cepho-FMABC (Centro de Estudos e Pesquisas de Hematologia e Oncologia da Faculdade de Medicina do ABC) está participando.

No dia 20 de agosto, ele integrou a pesquisa. “Em questão de duas semanas, já houve diminuição do tumor”, contou. Segundo Mariana Dias, uma das coordenadoras da pesquisa, Souza está respondendo satisfatoriamente ao tratamento. “Ele está com a doença estável e evoluindo muito bem.”




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