Política Titulo Governo do Estado
Muitas críticas, pouca solução

Em debate na TV, candidatos ao governo do Estado atacam atual administração, porém não apresentam propostas efetivas para São Paulo

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
24/08/2014 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


No primeiro debate televisivo entre os candidatos ao governo do Estado, realizado ontem pela TV Bandeirantes, postulantes ao cargo máximo do Palácio dos Bandeirantes abusaram nos ataques à gestão de Geraldo Alckmin (PSDB), porém, pouco trouxeram ideias para solucionar problemas estaduais.

Nas raras propostas designadas, anunciaram programas já em andamento. Foi o caso de Alexandre Padilha (PT), ao dizer que, se eleito, incentivará integração de câmeras particulares com sistema de monitoramento do Estado. A atual gestão conta com o Detecta, ferramenta idêntica à citada por Padilha como novidade.

Sem a presença de Alckmin, internado por problemas de saúde (veja mais abaixo), candidatos centraram ataques, mas Paulo Skaf (PMDB) foi o mais enfático em questionamentos à administração tucana. O peemedebista é o segundo colocado nas mais recentes pesquisas de intenções de voto, entretanto, ainda distante da projeção de Alckmin – cenário atual indica vitória do PSDB no primeiro turno.

Skaf retomou críticas à política de Mobilidade Urbana no Estado, discurso que tem adotado nas ruas. Garantiu que irá levar a Linha 5-Lilás (Chácara Klabin-Capão Redondo) do Metrô para o Jardim Ângela, projeto já em andamento no Executivo estadual.

O presidente licenciado da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) afirmou ainda que “em quatro anos” iria “acabar com o desperdício de água”, ao ser questionado sobre a crise no Sistema Cantareira. Confrontado sobre como solucionaria o problema – decorrente da maior seca no último século –, respondeu de forma evasiva: “Com obras.”

TIME
Durante duas horas e meia de debate, Skaf e Padilha se evitaram todo o tempo, a despeito de serem protagonistas no evento sem a presença de Alckmin. Somente três vez peemedebista e petista se envolveram no mesmo tema, fatos provocados por jornalista. E, em duas vezes, alinharam discurso contra a atual administração estadual (questionamentos à Segurança Pública), apesar de Skaf garantir ser adversário do PT no Estado.

NANICOS
Laércio Benko (PHS) e Gilberto Maringoni (Psol) foram os nanicos que tentaram despolarizar o debate, aproveitando vácuo deixado por Padilha e Skaf.

O destaque negativo foi Walter Ciglioni (PRTB). O republicano-trabalhista sequer conseguiu falar corretamente o único projeto defendido pelo líder do PRTB, Levy Fidelix: o aerotrem. “Levy já falava em ‘aerotrilho’ e ‘monotrem’”, disse ele, invertendo as palavras monotrilho e aerotrem.

Padilha se esquiva ao falar de corrupção

Leandro Baldini

Confrontado sobre o comportamento de seu partido diante de escândalos de corrupção em nível nacional, o candidato pelo PT, Alexandre Padilha, se esquivou durante o debate entre candidatos a governador do Estado, realizado ontem à noite pela TV Bandeirantes.

O petista optou por discurso de realizações de políticas de combate à prática e nem mesmo buscou rebater as críticas à postura de sua legenda. Casos de corrupção não foram citados nominalmente pelos candidatos.

“Tenho experiência das mais complexas na carreira pública. E sou permanentemente contra (corrupção) e dou o exemplo apresentando uma candidatura ficha limpa, assim como o currículo do meu vice na chapa (Nivaldo Santana, do PCdoB). Se eleito, vou criar uma controladoria geral, assim como a presidente Dilma (Rousseff do PT) criou na Presidência, que tanto já demonstrou eficiência na ajuda em encontrar situações irregulares”, respondeu.

O embate foi provocado pelo postulante Gilberto Natalini (PV), que ao replicar a resposta do petista voltou a alfinetar a postura dos caciques do PT – muitos deles preso pelo escândalo do Mensalão. “A questão é muito mais que comportamento. O povo exige reação radical contra essa praga. E não ser tratado como fato a ser investigado”, retrucou.

Na tréplica, Padilha novamente adotou discurso polido, sem entrar no mérito de como será efetuado o exercício da apuração sobre eventuais casos de irregularidade, somente abordando o que a corrupção propícia. “O meu governo não colocará a sujeira debaixo do tapete. Farei uma administração transparente, onde todos saberão qual o destino do dinheiro para os investimentos. E vou convidar a todos para entrar nesse combate, promovendo a participação de todos na minha gestão”, garantiu.

Padilha preferiu tom agressivo ao atacar o PSDB, sem citar o governador Geraldo Alckmin, resgatando investigação sobre suposta irregularidade dos tucanos em obras do Metrô no Estado. “Vamos incentivar por controle independente para fiscalizar. Só assim, será possível combater, pois não adianta colocar uma raposa para cuidar do galinheiro.”

Skaf evita declarar seu voto em Dilma

Fábio Martins

Dirigente licenciado da Fiesp, o postulante ao governo do Estado pelo PMDB, Paulo Skaf, evitou manifestar voto na presidente da República, Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição e que tem como vice na chapa o seu correligionário Michel Temer. Questionado por Laércio Benko (PHS) incisivamente sobre o posicionamento para a disputa ao Palácio do Planalto, o peemedebista afirmou que a postura pessoal era em adesão apenas ao número dois da dobrada governista. “Meu voto é no Michel Temer.”

O humanista entrou no embate contra Skaf e lembrou que é impossível votar no candidato a vice dentro do atual sistema eleitoral. “O voto é atrelado, candidato. O meu voto será em Marina Silva (PSB, novo nome na concorrência devido à morte de Eduardo Campos). Em quem o senhor votará?”, indagou Benko. “Fui claro. Vou fazer campanha independente e meu voto é para Michel Temer”, respondeu, repetindo o discurso utilizado. Com a fala, ele contraria às declarações do próprio vice-presidente.

Temer, recentemente, fez enquadramento ao candidato do PMDB. O mandatário nacional licenciado da sigla deu, inclusive, ultimato a Skaf, estipulando atividade eleitoral de Dilma no dia 30 em Jales, no interior do Estado, como último prazo para a abertura do palanque. Em contrapartida, o pleiteante na sucessão de Geraldo Alckmin (PSDB) adiantou que não irá ao ato, mesmo podendo sofrer represálias.

Skaf sustentou que tem o PT, bem como o PSDB, como adversários políticos e, diante deste cenário eleitoral, não subirá nos palanques petistas nem aceitará lideranças do PT em eventos protagonizados por sua campanha. “É questão de coerência”, disse, mantendo atitude de renegar suporte presidencial. A avaliação do empresário, nos bastidores, é que escândalos de corrupção ligados ao partido coligado na esfera nacional e a rejeição ao governo Dilma possam respingar negativamente em sua empreitada.

Segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, atrás somente de Alckmin (PSDB), Skaf falou que não fará loteamento de cargos comissionados no governo estadual, se eleito. “Não tenho compromisso com partidos político”, finalizou.

Sem presença de governador, clima é de frustração

Gustavo Pinchiaro

A ausência do governador Geraldo Alckmin (PSDB) no debate entres candidatos ao Palácio dos Bandeirantes, ontem, trouxe clima de frustração. A estratégia aplicada pelos postulantes em discutir os principais problemas da atual administração ficou sem as esperadas respostas do tucano.

Os próprios apoiadores dos candidatos não se empolgaram com o desenvolvimento da discussão, que proporcionou poucos confrontos de ideias. Um dos únicos momentos de exaltação ocorreu quando Paulo Skaf (PMDB) foi questionado se votaria para a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) e o peemedebista afirmou incisivamente que apostaria em Michel Temer (PMDB), vice na chapa petista. O episódio arrancou risos da ala reservada para petistas e peemedebista.

No fim do quarto bloco, boa parte dos espectadores deixou os estúdios e não retornou. Candidato ao Senado pela coligação do PMDB, o ex-prefeito da Capital Gilberto Kassab (PSD) saiu do local pouco antes da metade do debate. Ex-prefeito de Diadema e atual secretário de Saúde de São Paulo, José de Filippi Júnior (PT) também não acompanhou a discussão até o fim.

O clima de decepção já era identificado na chegada dos candidatos. Alexandre Padilha (PT), por exemplo, afirmou que “cedo ou tarde” encontrará Alckmin para confrontar ideias. Coordenador da campanha de Dilma em São Paulo, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), negou que a ausência do tucano tenha atrapalhado o evento e disse que não dá para discutir com diagnóstico médico.

Paulo Skaf adotou tom polido e evitou contestar Alckmin na chegada. “É excelente oportunidade para mim, que quero me tornar mais conhecido em São Paulo, expor minhas propostas, mostrar o meu jeito.”

Alckmin segue internado no Incor por infecção intestinal

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, não tem previsão de alta. Ele foi internado no Incor (Instituto do Coração), do Hospital de Clínicas, na tarde de sexta-feira, devido a uma infecção intestinal.

O problema de saúde impediu que o tucano participasse ontem à noite do primeiro debate entre os candidatos ao governo do Estado, realizado pela TV Bandeirantes. A infecção foi causada por “bactéria (ileíte bacteriana aguda), com manutenção de atividade inflamatória”, conforme relatório do hospital.

Segundo assessoria do Incor, Alckmin segue em tratamento. “Ele vem recebendo antibióticos por via intravenosa e analgésicos e deve permanecer hospitalizado”, informou. A equipe que assiste o paciente é liderada pelos professores David Uip, infectologista, e Flair José Carrilho, gastroenterologista.




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