O ex-secretário da Saúde e Educaçao de Sao Paulo José Aristodemo Pinotti fez uma série de denúncias contra o Plano de Atendimento à Saúde (PAS) em um artigo publicado nesta sexta-feira em um jornal de Sao Paulo. Pinotti afirma que, durante os oito dias que esteve à frente da pasta, observou irregularidades como despesas superfaturadas e funcionários recebendo altos valores em dinheiro como complementaçao do salário mensal, sem assinatura de recibos, o que, segundo ele, torna o PAS uma "estrutura viciada".

De acordo com Pinotti, mais da metade dos trabalhadores da área de saúde que nao aceitaram ideologicamente a implantaçao do PAS foram afastados da Secretaria Municipal da Saúde de Sao Paulo e transferidos para outros órgaos da prefeitura, com seus salário mantidos. Foi criada, entao, uma terceira cooperativa do PAS, que contratou o mesmo número de funcionários. Assim, dois servidores eram pagos, enquanto o sistema conta apenas com o trabalho de um.

O ex-secretário também fala que a Secretária Municipal de Saúde perdeu repasse de verbas federais e estaduais - cerca de R$ 400 milhoes por ano - porque o PAS é considerado incompatível com os princípios do Sistema Unico de Saúde (SUS).

Pinotti também afirmou, em entrevista à rádio CBN, que, enquanto secretário, foi procurado com propostas "nao adequadas", que condicionariam a manutençao do PAS a favores pessoais. Ele nao citou nomes e nem deu exemplos.

Em relaçao às despesas superfaturadas, ele citou como exemplo a contrataçao da Fundaçao Getúlio Vargas por R$ 1,2 milhao, cujos serviços, segundo ele, poderiam ser realizados por outra instituiçao por R$ 300 mil.

O atual secretário Municipal da Saúde, Jorge Pagura, afirmou à rádio CBN que desconhece a maioria das denúncias e que, em sua gestao, nunca recebeu propostas envolvendo irregularidades. "Nunca ninguém me procurou para me oferecer propostas para falcatruas, porque eu nunca dei abertura para isso", disse.