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Produção de veículos reage em novembro

Com 238,2 mil unidades, volume é o maior em 13 meses; porém, falta de insumos pode parar fábrica

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
08/12/2020 | 00:05
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DGABC


A produção de veículos atingiu, em novembro, o melhor resultado em 13 meses. Saíram das fábricas no mês passado 238,2 mil veículos, alta de 4,7% com relação a igual período em 2019. O crescimento – ainda insuficiente para amenizar queda de 35% no acumulado deste ano, totalizando 1,80 milhão de unidades – escancara ainda mais o problema de falta de insumos que o setor enfrenta nos últimos meses e levanta o risco de paradas nas fábricas.

Os dados, divulgados ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), foram impulsionados pela alta de 38,6% na exportação, ante novembro de 2019, que bateu 44.007 unidades, o melhor resultado desde agosto de 2018. O aumento é justificado pelo represamento dos últimos meses, por causa de restrições relacionadas à pandemia, nos países vizinhos, principalmente na Argentina, que retomou as compras recentemente.

A antecipação de embarques para o encerramento do ano também contribuiu. Em 2020, foram exportadas 285.925 unidades, mas ainda há queda de 28,4% na comparação com 2019.

Para o coordenador de MBA em gestão estratégica de empresas da cadeia automotiva da FGV, Antonio Jorge Martins, o mês pode ter surpreendido, mas, no ano, a queda é ainda muito expressiva. “O mercado caiu de forma vertiginosa, toda a economia retraiu e isso não é retomado da noite para o dia”, afirmou.

A retomada, mesmo que tímida, acabou impactando na oferta e nos preços das matérias-primas, o que não é uma particularidade das montadoras. “Desde meados de julho, a economia acelerou e começaram a faltar alguns insumos. Primeiro foi o aço, justificado pela diminuição de produção das siderúrgicas. Como a indústria parou no começo do ano, e cada setor possui um timing diferente, todo o estoque foi consumido. Atualmente, não estão sendo repostos à altura em que as encomendas estão saindo. Estamos com falta de embalagens à base de papelão e polímeros”, contou o diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Cláudio Barberini Junior, citando que algumas empresas recorreram à recompra de embalagens após a entrega.

O estoque da indústria automotiva nacional atualmente está em 119,4 mil unidades, suficiente para abastecer o mercado por 16 dias. “É o menor nível desde março de 2004. Em um primeiro momento, ficamos com estoque muito alto, acima da demanda, chegamos a praticamente quatro meses de estoque e fomos tentando reajustar o volume e entender esta nova demanda”, disse o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes. Em novembro do ano passado, para se ter ideia, o estoque era de 330 mil unidades, mais que o dobro de hoje.

Somado ao problema da falta dos insumos e alta nos preços, Moraes afirmou que há risco de paralisação em linhas neste mês, mas que há esforço para que isso não aconteça. “Estamos fazendo o melhor possível”, afirmou ao destacar o desempenho da logística das montadoras, que está tentando mitigar o risco. “A gente faz coisas impossíveis, mas milagres, não. Portanto, se faltarem peças, a consequência será a dificuldade no faturamento e na entrega de veículos.”

EMPREGO

O emprego registrou queda de 640 postos em relação ao mês passado. São 120,7 mil colaboradores atualmente. Desde o início da pandemia, em março, o setor perdeu 1.284 trabalhadores, a maioria em PDVs (Programas de Demissões Voluntárias).
 




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