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Mercedes-Benz abre PDV e mira adesão de 400 trabalhadores

GM quer reabrir programa; ao todo, quatro montadoras apostam na demissão voluntária

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
24/09/2020 | 00:07
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André Henriques/DGABC


A Mercedes-Benz abriu PDV (Programa de Demissão Voluntária) na sua unidade de São Bernardo e pretende conseguir a adesão de cerca de 400 trabalhadores até o fim do ano. Embora não divulgue os atrativos oferecidos para o incentivar o desligamento espontâneo, a montadora informou que os pacotes variam conforme o período em que for aceito, dessa forma, quem o fizer em outubro terá mais benefícios do que aquele que deixar para novembro ou dezembro, quando o prazo se encerra.

Hoje, a fabricante de caminhões e ônibus alemã emprega em torno de 8.500 profissionais no Grande ABC. Caso atinja sua meta com o PDV, haverá redução de quase 5% em seu efetivo. O programa é aberto a toda a empresa.

A companhia, que no início do mês encerrou o contrato temporário de 189 operários – que, segundo a Mercedes, eram para ter sido findados em maio –, não abre as condições oferecidas para o PDV. Questionado, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC disse que essa iniciativa não foi definida em conjunto com a entidade e, portanto, desconhece os benefícios oferecidos. Informou ainda que a montadora está negociando a data-base deste ano, o que ocorreria, tradicionalmente, em abril, mas, devido à pandemia do novo coronavírus, passou para este mês.

A Mercedes-Benz não é a única a adotar a ferramenta para ajustar seu quadro de funcionários em meio à crise desencadeada pela Covid-19. Das cinco montadoras da região, quatro lançam mão da medida.

A General Motors, inclusive, pretende reabrir o PDV em São Caetano, onde encerrou programa no fim de agosto com a adesão de 293 profissionais, o que estaria abaixo da expectativa, uma vez que a fábrica possui 700 trabalhadores em lay-off (suspensão do contrato de trabalho) atualmente. Foi oferecido, a quem tinha mais de 11 anos de firma, um Onix Joy Black, que custa R$ 55.990, além de até sete salários adicionais e dois anos de plano de saúde. A planta emprega cerca de 8.000 trabalhadores.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, empresa e entidade iniciam hoje conversas acerca da possibilidade de nova proposta para incentivar a demissão voluntária. Nos dias 28 e 29 (segunda e terça-feira), haverá day-off (dia sem trabalho com desconto no banco de horas) para ajustes na produção.

A Volkswagen vai abrir na fábrica da Anchieta, até o fim do mês, PDV com a oferta de até 35 salários adicionais à tabela base, além da rescisão, ou seja, considerando o maior rendimento dos horistas e indiretos (que trabalham na produção), de R$ 11.230, e tempo de casa acima de 30 anos, o valor pode chegar a R$ 393,050 mil. Para quem está na companhia a até dez anos e recebe o piso de R$ 5.730, o bônus é de R$ 143.750, considerando 25 salários a mais.

Embora a montadora não informe o número de adesões pretendidas ao PDV, o excedente na unidade de São Bernardo chega a 1.900 profissionais – correspondente a 22% do total da região, de aproximadamente 8.600 colaboradores. Negociação, que veio acompanhada de redução de benefícios em troca de estabilidade de cinco anos, se deu após a empresa avisar que teria de demitir 35% de seus 15 mil trabalhadores, ou seja, 5.250 funcionários poderiam ser desligados em todo o País, caso não houvesse uma saída à crise.

A Toyota planeja dispensar 300 colaboradores do setor administrativo em todo o País, incluindo a região, por meio de adesões ao programa. As condições estão sendo acordadas com o sindicato e a previsão é que o pacote seja definido até amanhã.

A divulgação da medida veio junto com a notícia de que a sede administrativa da montadora, assim como o Centro de Pesquisa Aplicada, onde é desenvolvida tecnologia de ponta, serão transferidos para Sorocaba no início de 2021, a fim de tornar a montadora mais enxuta e competitiva. A produção de componentes e motores continua em São Bernardo. Ao todo, a unidade emprega hoje cerca de 1.700 profissionais.

CRISE

O cenário reflete as dificuldades trazidas pelo novo coronavírus, que atingiu em cheio o setor automotivo. Dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostram que, de janeiro a agosto, a produção em todo o País caiu pela metade, para 1,110 milhão de unidades, patamar que retrocede 20 anos. As vendas, por sua vez, recuaram em 35%, aos 183,4 mil veículos. Segundo a associação, é como se o segmento tivesse perdido quatro meses de produção e três de vendas.

Quanto ao emprego, nos oito meses de 2020 foram demitidos 4.100 trabalhadores, totalizando 121,8 mil em atividade nas montadoras de veículos do País.




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