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Professores relatam dificuldades com app

Docentes estão em fase de replanejamento e preparação para início das aulas a distância da rede estadual na próxima semana

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
25/04/2020 | 00:01
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Professores da rede estadual do Grande ABC estão encontrando dificuldades para acessar o aplicativo Centro de Mídias da Educação de São Paulo. A plataforma tem sido utilizada para as ações de replanejamento da rede e também será o meio principal de acesso dos mais de 300 mil alunos do Grande ABC (3,5 milhões em todo do Estado) a partir de segunda-feira, quando começam as aulas a distância.

Segundo representantes da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) na região, a instabilidade no acesso tem sido grande e muitos docentes não conseguem acompanhar as videoconferências por meio do aplicativo. Há também relatos de que, diferentemente do que foi anunciado pelo governo, de que o acesso seria gratuito, a navegação tem resultado no consumo de créditos.

Um coordenador da subsede de Santo André, que preferiu não se identificar, afirmou que muitos professores têm usado a página do Centro de Mídias no Facebook para acompanhar as videoconferências, mas que isso exige que todos tenham acesso à internet e /ou pacote de dados no celular. “Os dirigentes estão pressionando os professores a assistirem pelo Facebook, porque reconhecem as falhas do aplicativo”, afirmou. “Se agora, que apenas os professores estão acessando, a gente já tem tantos problemas, como vão garantir que o sistema funcione com todos os alunos on-line”, questionou.

Docentes da ‘categoria O’, que não são considerados efetivos, enfrentam problema adicional: precisam acessar outro sistema, específico para professores, para preenchimento de formulário, sob pena de terem faltas computadas em seus prontuários e até o encerramento do contrato.

Coordenador da subsede de São Bernardo, Aldo Santos afirmou que o problema tem sido enfrentado em todo o Estado. “Na opinião do sindicato, o governo não está preparado para fazer isso, assim como os professores na sua graduação também não foram preparados para lecionar a distância, e muito menos os alunos, porque grande parte luta pela sobrevivência. É uma prática excludente”, afirmou.

Subsecretário de articulação interino da Secretaria de Educação, Henrique Pimentel Filho afirmou que a pasta vem monitorando a ferramenta e tem percebido aumento gradual nos acessos ao aplicativo. “Hoje (ontem) tivemos 90 mil professores on-line durante todo o dia, mas é bacana perceber que já estão mais familiarizados. Entendemos que há dificuldade de acesso especialmente em quem não tem muita experiência em tecnologia”, avaliou.

Segundo Pimentel Filho, a parceria firmada com as operadoras de celular garante que a navegação no aplicativo não será cobrada dos usuários. “As pessoas precisam ver se não é outra funcionalidade que está consumindo os créditos. No primeiro acesso ao app, há a mensagem de que aquela navegação é patrocinada”, garantiu.

O subsecretário ponderou que desde o início da quarentena o governo tem deixado claro que não tem todas as respostas, mas que as soluções estão sendo construídas junto com a Secretaria de Educação, as diretorias de ensino e os professores. “São Paulo tem a maior rede de ensino das Américas, são 3,5 milhões de alunos e tem sido muito legal a capacidade dos diretores e professores de inovar. “Nossa previsão de retomada do ano letivo presencial é em julho (leia mais abaixo) e vamos ter este tempo para ajustes, mas se continuarmos neste ritmo, engajando as pessoas a usarem as plataformas, a gente tem tudo para conseguir não ficar para trás, não deixar ninguém para trás e retomar o quanto antes o convívio escolar”, finalizou.

Retorno das aulas ocorre a partir de julho

Vanessa Soares Oliveira

Em coletiva de imprensa realizada ontem no Palácio dos Bandeirantes, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que o Plano São Paulo, que organiza o retorno gradativo das atividades no Estado, programa apenas para julho o retorno das aulas. A forma como será a retomada vai ser divulgada mais detalhadamente no dia 8.

De acordo com Doria, todas as decisões do governo serão tomadas em conjunto, com base na saúde e na ciência. Segundo o secretário de Educação, Rossieli Soares, as regras para o retorno das aulas na rede estadual também serão formuladas depois de observação na experiência de outros países. Soares disse ainda que para a educação infantil a retomada das atividades seguirá normas diferenciadas por não ser possível garantir o distanciamento físico entre crianças pequenas.

Já para ensinos fundamental, médio e superior, as aulas deverão retornar em esquema de rodízio para garantir as normas e orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) de distanciamento físico e higienização dos ambientes. O secretário informou também que um planejamento específico para reforço escolar e atenção especial está sendo pensado para que nenhum aluno fique para trás.

Além disso, o governo reforçou que as aulas on-line para os estudantes da rede estadual têm início segunda-feira, com programação fixa pelo canal TV Univesp, com horários definidos para cada série.
 




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