Setecidades Titulo Para driblar a quarentena
Em isolamento, pessoas mudam rotina, resgatam brincadeiras e se reinventam

Sem poder ir às ruas ou espaços comuns em prédios, a saída é usar a imaginação

Por Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
11/04/2020 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


Se reinventar, buscar no fundo do baú brincadeiras da infância, fazer algo que estava apenas no papel há tanto tempo. Com o isolamento social, há quem esteja na ânsia para voltar a ir para as ruas e encontrar pessoas. Mas há também aqueles que estão aproveitando o momento sugerido pelas autoridades de saúde para fazer algo diferente. Esse é o caso de família de Rio Grande da Serra. O músico Rodrigo Leite, 35 anos, a mulher Isabella Fraga, 31, e as filhas Catharina, 11, e Valentina, 5, estão na quarentena há 25 dias, mas sem deixar de se divertir e até mesmo colocar velhas ideias em prática.

“A ideia era ter um pomar. Mas com a correria não deu para fazer”, diz Leite. Bem na frente da casa há um barranco, que já está dando espaço para pés de laranja, banana e manga, por exemplo. A família, reunida, também começou a fazer algo novo, ao menos para ela. O começo de um jardim com direito a horta. E todos colocam a mão na massa, ou na terra. “Na frente da casa colocamos açafrão, citronela. Além disso, já tem cebolinha, pimenta e café”, comenta Leite. As brincadeiras também têm outro sabor na casa da família. O pai tem mostrado para as filhas jogos de quando era criança. Para um

Os jogadores devem dividir a folha em colunas e nela colocar tópicos, como cor, cidade, objeto, nome de filme, e o que mais a imaginação permitir. Escolhe-se, então, uma letra do alfabeto e as colunas são preenchidas com uma palavra que começa com a letra sorteada. Quem terminar primeiro vence. “Meu pai também fez um jogo de tabuleiro, o mesmo que eu brincava com meu irmão. E aqui em casa agora jogamos Uno toda noite também”, revela.

Leite conta ainda que vai aproveitar um pedaço de madeira que há na casa e transformá-lo em tabuleiro para jogar damas. “Vamos pintar umas peças também. Passamos, há um tempo, uma situação complicada aqui em casa. Então, não tinha como comprar presente. Fizemos uma vez o Twister, e minha filha levou na escola e foi a sensação. Todo mundo quis brincar. Fazemos ao máximo para reaproveitar e criar. Queremos educar nossas filhas para terem noção do valor de cada coisa”.

FORA DA ROTINA
Em São Bernardo, o lema dos corretores Camila de Aguiar Lima, 35, e Rodolfo Melchiades Oliveira, 32, tem sido se reinventar. O trabalho agora acontece dentro do apartamento. E, além de cuidar da casa, eles precisam dar conta de entreter três filhos: Henrique, 10, Helena, 5, e Bento, 2.

Com todo mundo dentro de casa e sem rotina definida, a família não estava encontrando harmonia. “Melhorou quando passamos a fazer atividades com as crianças. Moramos em apartamento, eles não descem para brincar, está tudo fechado. Começamos a ter determinados horários para fazer atividades com eles”, explica Camila.

O casal começou a pesquisar quais brincadeiras seriam possíveis e deixou a imaginação rolar solta. Teve até torta na cara, com perguntas e respostas, sessão Cinema com pipoca. Mas, para isso, a criançada precisa se comportar durante o dia. “Fizemos cabaninha de cano PVC. A gente fez com lençol. Eles colocaram a mão na massa e foi muito divertido. Fizemos pintura com (tinta) guache”.

O casal brinca com os filhos que são obras de arte. “A gente cola na parede e faz exposição. A expectativa era eles todos bonitinhos pintando, mas a realidade foi todo mundo pintado, roupa, casa, aquela bagunça gostosa”, conta Camila.

“Esse contato que estamos tendo (dentro de casa) está nos aproximando de uma forma tão bacana que está fazendo repensar. Se estamos conseguindo fazer no home office, por que não fazemos (quando tudo voltar ao normal) meio a meio, trabalhar mais em casa para ficar mais com eles?”, reflete.

MÚSICA NAS REDES
Em Santo André, o representante comercial Denis Ricardo Lopes, 43, encontrou na música uma maneira de passar o tempo durante o isolamento social. Um dia ele fez um vídeo em que canta e toca violão. Colocou nas redes sociais sem a menor pretensão. A publicação teve 200 curtidas. Foi no dia 22 de março.

A partir de então assumiu o compromisso de fazer uma vez por dia. “Peguei músicas que são compatíveis com o violão, e também coisas que gosto”, explica. Sua intenção, conta, não é que a música saia perfeita, mas passar por esse momento da melhor maneira que puder.

A princípio, queria aliviar o estresse. Mas as pessoas reagiram tão bem que começaram a perguntar qual seria a música do dia seguinte e até a fazer pedidos. “Começou a ter uma troca legal. Gravo, faço um teste e vejo se fica legal. As pessoas vêm me falar que estão gostando”, diz.




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