Gestão reage à convocação de dois secretários
e demite comissionados ligados a dissidentes
O governo do prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), decidiu ir para o embate com a bancada de oposição na Câmara que, na sessão de quinta-feira, emplacou a convocação de dois secretários para prestarem esclarecimentos sobre possíveis irregularidades.
O Diário apurou que a investida do G-12 (bloco de parlamentares do PT, PR, PRB, PPS e DEM) irritou o núcleo duro do governo, que promete não ceder à pressão dos oposicionistas pelo menos até o próximo mês.
Os secretários Tatiane Ramos (Educação) e José Marcelo Ferreira Marques (Obras) terão de ir no Legislativo nas próximas semanas responder aos questionamentos dos parlamentares sobre o atraso na entrega dos kits de material escolar para a rede municipal e o investimento em recapeamento de vias da cidade com recursos da venda da Saned (Companhia de Saneamento Básico de Diadema) à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo), ocorrida em 2013.
O líder do governo na Casa, Célio Boi (PSB), até que tentou demover os oposicionistas de apresentarem os requerimentos exigindo a presença dos chefes das Pastas. Sem sucesso. O fato de o documento falar textualmente em convocação em vez de convite incomodou o governo Lauro.
A visita dos oposicionistas a duas escolas municipais na quinta-feira pela manhã – produziram vídeos criticando a estrutura das unidades e exibiram ao público à tarde, na sessão – foi outra iniciativa que desagradou a cúpula do Paço. Chefe da Educação, Tatiane teria procurado diretores das escolas visitadas questionando de quem partiu a permissão para a entrada dos vereadores. A secretária teria ouvido dos servidores que não tinham conhecimento de que a visita tinha cunho político.
Responsável pela interlocução entre a Câmara e o governo, o ex-vereador e atual assessor especial do Paço José Dourado (PSDB) minimizou a convocação dos secretários e assegurou que o Paço não cederá a pressões. “O governo não vai colocar na mesa alguma moeda em troca de votos. Tenho certeza que os vereadores também não vão pedir isso. O que a gente discute é a necessidade dos projetos para a cidade”, afirmou Dourado.
Dissidentes da base governista, parlamentares do PPS e DEM romperam com Lauro no mês passado depois de o governo não atender às exigências por mais cargos na administração. Então secretários indicados pelo bloco, que também integrava o PEN, José Carlos Gonçalves (PPS, Transportes) e Paulinho Correria (PEN, Cultura) entregaram seus cargos. O discurso oficial do governo é de que não concederá o espaço reivindicado pelo grupo. Lauro, inclusive, chegou a tratar com normalidade o pedido de demissão dos dois secretários. “A porta da rua é a serventia da casa”, avaliou o verde, recentemente.
Antes mesmo da sessão de quinta, o governo já tinha conhecimento da ação dos oposicionistas, tanto que decidiu demitir dez funcionários comissionados ligados a Zé Carlos e que ainda atuavam na Pasta de Transportes – a maioria era agente de trânsito. Apesar de ter deixado o comando do setor, o popular-socialista ainda tinha à sua disposição um motorista e um carro da secretaria. Só o custo com o salário do condutor e a manutenção do veículo chegava a R$ 7.000 mensais.
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