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Estudo avaliará níveis de estresse em médicos
Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
11/11/2010 | 07:11
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Orlando Filho/DGABC


A disciplina de Psiquiatria e Psicologia Médica da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) iniciou estudo para identificar sintomas de estresse em estudantes de medicina da instituição. Um grupo de 115 futuros doutores será acompanhado por sete anos a fim de identificar casos de TEPT (Transtorno de Estresse Pós-traumático).

A doença é comum em pessoas que passam por situações extremas como notícias graves, traumas, mortes ou doenças incuráveis. Médicos lidam com eventos desse tipo diariamente como parte da rotina de trabalho.

A pesquisa é coordenada pelo psiquiatra e professor da FMABC Sérgio Baldassin, O especialista acredita que cerca de 20% dos médicos brasileiros sofrem de estresse grave, baseado em estudos desenvolvidos sobre o tema há mais de 60 anos.

Na avaliação de Baldassin, o estresse médico influencia na qualidade do atendimento. "Especialistas com esse tipo de problema não reconhecem sintomas da doença em si e nos pacientes e tratam apenas o lado físico", explica.

Fica fácil entender com o exemplo utilizado por Baldassin: um médico que tem gastrite e faz uso da automedicação atende um paciente que também tem o problema. O profissional receita o remédio que utiliza, pois não é capaz de identificar a gastrite como um sintoma derivado da condição emocional do doente. "Infelizmente, esse é um quadro comum nos hospitais, o que acaba prejudicando quem procura ajuda", avalia.

Sobre o estudo, o psiquiatra salienta que o estresse é um sintoma apresentado antes mesmo de o estudante ingressar no curso de medicina. Muitos passam por pelo menos dois anos de cursinho pré-vestibular a fim de alcançar o nível de exigência das faculdades e já chegam à graduação com sintomas de ansiedade e depressão. "Mas não é a depressão convencional, na qual a pessoa chora, fica triste. São aspectos ligados ao lado cognitivo do ser humano, como o perfeccionismo, detalhismo e auto-exigência elevada", destaca.

Como parte da pesquisa, os doutores em formação responderão a questionários periódicos via internet. Se for identificado um caso acima dos limites determinados pelo estudo, haverá acompanhamento e uso de medicação por seis meses.

Existe controvérsia quanto à incidência do TEPT, mas o transtorno é descrito na literatura científica como problema que atinge de 5% a 10% da população, embora se calcule que até metade dos cidadãos estejam expostos, principalmente entre as mulheres.




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