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OMS divulga novo indicador de expectativa de vida
Por Do Diário do Grande ABC
04/06/2000 | 15:40
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A Organizaçao Mundial da Saúde, OMS, divulgou neste domingo, em Genebra, na Suíça, uma nova forma de calcular a expectativa de vida, que considera o estado de saúde da populaçao e os anos de incapacidade, ao invés de contabilizar apenas a idade da morte. "Tínhamos necessidade de capturar e monitorar de forma mais contínua todos os processos relativos à saúde da populaçao e nao só à sua mortalidade, para melhor ajustar nossas políticas, do contrário acabaríamos nos tornando a Organizaçao Mundial da Morte", declarou Rafael Lozano, da OMS.

Pela antiga classificaçao, os países do topo da lista têm uma expectativa de vida duas vezes maior do que os países do fim da lista, enquanto os novos indicadores apontam diferenças três vezes maiores: além de morrerem mais cedo, as populaçoes de países mais pobres perdem mais anos com doenças graves e seqüelas sérias como cegueira, imobilizaçao, surdez, invalidez.

O Brasil figura num vergonhoso 112º lugar, atrás de países com sérios problemas de miséria, guerra, poluiçao ou epidemias como Albânia, Bósnia Herzegovina, Paraguai, Colômbia, Uzbequistao, Iugoslávia, Malásia etc.

"O Brasil é um país nitidamente dividido entre norte e sul, com regioes como o Estado de Sao Paulo, onde os índices se equiparam aos 20 países mais saudáveis, e Nordeste ou Norte, com números equivalentes aos países do fim da lista", comentou Lozano. "E existe uma disparidade muito grande entre a expectativa de vida de jovens brasileiros do sexo masculino e feminino, com índices alarmantes de mortalidade dos rapazes por AIDS, violência e acidentes com motos e carros". Nesta faixa, o Brasil está no segundo pior lugar, nas Américas, atrás apenas do Haiti, que tem sérios problemas com a proliferaçao da Aids. "O curioso é que entre as mulheres jovens o problema nao é tao grave", acrescentou o especialista da OMS.

Assim como no Brasil, de modo geral a expectativa de vida e a saúde das mulheres é melhor do que a dos homens. Nos países mais ricos, a diferença é menor, em relaçao aos países pobres. Mas uma análise histórica mostra que a tendência é da lacuna aumentar: em 1900 as mulheres viviam 2 a 3 anos mais do que os homens, porém, em 1999, a diferença já é de 7 a 8 anos em favor das mulheres. O fator que mais pesa para esta diferença é o tabaco, segundo a OMS. Mulheres fumam menos e se exercitam mais, sofrendo menos as conseqüências do fumo.

O Japao é o primeiro da lista dos 191 países membros da OMS, com uma expectativa de vida saudável de 74,5 anos e cerca de 7,85% da vida perdidas com incapacidades. Os hábitos alimentares - com pouca gordura e carnes vermelhas - estao entre os principais fatores de longevidade, embora estes hábitos estejam mudando para pior e, em alguns anos, possam tirar o país do topo da lista. Os outros países que compoem a lista dos dez mais sao, pela ordem: Austrália (73,2 anos), França (73,1), Suécia (73,0), Itália (72,7), Grécia (72,5), Suíça (72,5), Mônaco (72,4) e Andorra (72,3).

Em último lugar está Serra Leoa, com apenas 25,9 anos de expectativa de vida saudável e 24,55% desta curta vida perdidos com incapacidades. Todos os 25 últimos países sao do continente africano, onde a miséria e a Aids sao as principais causas da baixíssima expectativa de vida saudável. A AIDS ultrapassou, inclusive, as enfermidades mortais tradicionais como malária, tuberculose, pneumonia e diarréias. Só em 1999, o vírus HIV fez dois milhoes de vítimas entre os africanos, contra as 300 mil mortes causadas nos dez anos anteriores.

A nova classificaçao desloca os Estados Unidos do topo da lista para a 24ª posiçao, "uma das surpresas importantes do novo sistema de classificaçao", conforme Christopher Murray, do Programa Global de Políticas para a Saúde da OMS. "Basicamente, uma pessoa tem mais chances de morrer cedo ou ficar mais tempo incapacitado se nascer nos Estados Unidos, do que em outros países industrializados".

O alto consumo de tabaco, com as conseqüentes altas taxas de câncer de pulmao; a alta incidência de doenças coronárias: a AIDS e as mortes por homicídios foram os principais fatores que empurraram os Estados Unidos para baixo, na lista da OMS.




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