O governo do Estado investiu R$ 28,3 milhões no Grande ABC em 2011, primeiro ano de gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB). O montante, referente a custeio de equipamentos públicos e investimentos espontâneos já liberados, é 27% menor do que o valor despendido por José Serra (PSDB) em seu último ano de mandato à frente do Palácio dos Bandeirantes. Em 2010, o governo estadual transferiu R$ 39 milhões na região - R$ 10,7 milhões a mais do que nos últimos 12 meses.

A cidade mais agraciada com recursos estaduais em 2011 foi Ribeirão Pires, do prefeito Clóvis Volpi (PV). A estância turística angariou R$ 8,4 milhões, quantidade inferior da conquistada no fim do governo Serra. Em 2010, o município ficou com R$ 8,6 milhões, 2% a mais, e também liderou o ranking entre as cidades do Grande ABC.

Em seguida aparece São Bernardo, gerida pelo petista Luiz Marinho. A cidade com maior número de habitantes da região registrou R$ 6,6 milhões - 65% maior do que em 2010, com Serra. No ano passado, Marinho recebeu R$ R$ 4 milhões, ficando na quinta posição de municípios beneficiados com transferências estaduais.

Na terceira colocação está Santo André, sob administração de Aidan Ravin (PTB). A cidade arrebatou R$ 6,2 milhões, valor menor em relação a 2010. Em seu último ano de governo, Serra depositou R$ 8,3 milhões entre custeio e investimentos, 26% a mais do que Alckmin transferiu para Santo André.

Mauá lidera entre os municípios que mais perderam recursos na troca do comando do Palácio dos Bandeirantes. Sob gestão de Oswaldo Dias (PT), a cidade registrou queda de 72% entre 2010 e 2011. Com Serra, Mauá recebeu R$ 6,8 milhões. Alckmin liberou R$ 1,9 milhão.

São Caetano conquistou R$ 954,2 mil, Diadema recebeu R$ 1,6 milhão e Rio Grande da Serra teve R$ 2,8 milhões.

RECURSO PER CAPITA
No levantamento de transferências financeiras per capita, Ribeirão Pires também figura no topo da lista. Com R$ 8,4 milhões arrecadados e população de 102.741 habitantes, segundo Censo 2010, cada munícipe recebeu R$ 81,52 nos últimos 12 meses. Rio Grande da Serra aparece em seguida, com R$ 67,03 por habitante.

Santo André (R$ 9,42 per capita), São Bernardo (R$ 8,83), São Caetano (R$ 6,51), Mauá (R$ 4,81) e Diadema (R$ 4,27) completam o ranking. Na média, cada morador do Grande ABC recebeu R$ 11,53 de Alckmin em 2011.

EXPECTATIVA
O volume de investimentos deve crescer nos próximos anos, principalmente se concretizar o pacote de recursos assinado por Alckmin em junho. A promessa é que o governo do Estado despenda R$ 6,3 bilhões para a região, para as áreas de mobilidade urbana, Saúde, geração de empregos, Educação, Habitação e Turismo.

A maior carga da verba será destinada para a construção do veículo leve sobre trilhos, que ligará o Grande ABC à Estação Tamanduateí, da Linha 2-Verde do Metrô. A obra consumirá R$ 4,1 bilhões e atingirá São Bernardo, Santo André e São Caetano.

Marinho pede diálogo; Kiko enaltece relação

Prefeito da cidade que mais recebeu verba federal no primeiro ano do governo de Dilma Rousseff (PT), Luiz Marinho (PT), de São Bernardo, alfinetou o governo do Estado. Apesar de comandar a única cidade a registrar aumento no repasse, o petista disse esperar mais investimento do governo estadual, principalmente para dar celeridade à construção do veículo leve sobre trilhos.

Questionado se é privilegiado da União nos repasses, Marinho afirmou que aguarda verba das duas esferas de governo. "Temos vários projetos em andamento e em análise no governo federal. Projetos próprios da cidade e projetos que têm triangulação do Estado, como é o caso da linha 18 do Metrô."

Apesar de criticar governo estadual, Marinho ressaltou a visita do secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, ao Consórcio Intermunicipal, em outubro. "Ele garante que as coisas estão andando, independentemente do anúncio do recurso. O anúncio é importante para você criar as condições e caminhar para o processo das licitações. O secretário me garantiu que as providências para o projeto estão andando. Isso é importante não só para São Bernardo, mas para a região como um todo."

Por outro lado, o prefeito de Rio Grande da Serra, Adler Kiko Teixeira (PSDB), enalteceu a atenção que Alckmin deu para o município - segundo em volume de investimento per capita em 2011. "Hoje tenho as portas abertas no governo do Estado."

Kiko negou, no entanto, que o fato de integrar mesmo partido político do governador possa ter colocado Rio Grande da Serra como uma das cidades com maior quantidade de transferências voluntárias da região. "Por parte do governo do Estado posso dizer que não  (tem benefício político). Acredito que não tem esse olhar político-partidário. Não tem esse olhar de proteção por um lugar ou outro."