Economia Titulo Empréstimo
Cliente novo tem até 5 vezes sua renda nos bancos
Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
30/05/2010 | 07:07
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Em uma tacada só, o novo cliente consegue tomar emprestado do banco cerca de cinco vezes a sua renda mensal se utilizar o empréstimo pessoal direto do caixa eletrônico e os limites do cheque especial e cartão de crédito. Com esse montante, seria possível comprar carros usados e viajar para o Exterior. Mas aí surge a dúvida: Será possível pagar, tranquilamente, por isso?

O professor de Finanças do Insper George Ohanian avisa: "Ele tem que tomar cuidado com o volume de cinco vezes. De primeira vista é interessante, mas o grande problema é que tem um custo e é muito alto". Ele se refere ao juros que o contratante pagará nos empréstimos.

Os especialistas em finanças aconselham que o consumidor não ultrapasse 30% da sua renda mensal com a soma das parcelas de todas as modalidades de crédito que possuir. "Pois os 70% restantes são comprometidos com as sobrevivência", acrescenta Ohanian.

Empréstimo - De acordo com o superintendente executivo de produtos e empréstimos pessoa física do Santander, Rogério Estevão, o banco limita o valor do crédito pessoal no caixa eletrônico para novos clientes. O montante é composto pela soma das 24 prestações de 20% da renda mensal do consumidor. Portanto, um trabalhador com salário de R$ 1.500 teria acesso a R$ 7.200, o equivalente a 4,8 vezes o que ganha no mês.

"Mas nós aqui tomamos conta do cliente. Então se ele abre conta e começa ter dificuldade, nós oferecemos uma renegociação da dívida", acrescenta Estevão. Mas ele diz que, neste caso, muitos consumidores se sentem discriminados.

E o perigo aparece se o contratante utilizar o limite do cheque especial e do cartão de crédito para complementar o valor. Esses instrumentos têm os juros mais altos entre os tipos de crédito. Segundo o diretor do Banco Itaú Marcos Magalhães, "não são linhas aconselhadas para compra de bens. É para cobrir buraco temporais".

O professor Fernando Nogueira da Costa, que ministra aulas no Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), orienta que o cheque especial e o cartão de crédito sejam utilizados em situações emergenciais. "É como seguro de vida. Você pode ter, mas não precisa utilizá-lo", brinca.

Magalhães, do Itaú, lembra que há 15 anos, quem tinha crédito no banco era destacado na sociedade. "Hoje, a utilização planejada de crédito promove a inserção social", diz.

Educação financeira é caminho para não passar dos limites
As instituições financeiras aproveitam o cenário de estabilidade econômica e oferecem crédito facilitado. E este é o momento em que as pessoas mais precisam de educação financeira, avalia o professor Fernando Nogueira da Costa, do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

"Não é uma coisa que a pessoa nasce sabendo. Então é necessário aprender para administrar melhor suas economias", diz Costa.

Ele explica que a classe C, principalmente, e uma das que mais cresce em aquisição de crédito, pois está consumindo mais. E o conhecimento para administrar o dinheiro é necessário para o melhor aproveitamento dos empréstimos.

Além de aprender a administrar, a educação financeira ensina a poupar e investir. "E a previdência não cobre a renda da maioria dos trabalhadores. Portanto, eles terão que aprender para ter melhores aposentadorias", acrescenta Costa.




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