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Proteção direta
Fred Furtado
Ciência Hoje/RJ
24/08/2009 | 07:00
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A ação de uma proteína humana protege diretamente as células do cérebro da esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença que leva à progressiva atrofia muscular e normalmente causa a morte por insuficiência respiratória. O efeito da proteína, que acaba de ser descoberto pelo belga Peter Carmeliet, da Universidade Católica de Leuven (Holanda), poderá ser a base para uma futura terapia.

Os eventos que levaram à descoberta de Carmeliet começaram em 2000, quando cientistas viram que uma proteína que promove o crescimento de vasos sanguíneos (VEGF, na sigla em inglês) estava relacionada a alguns tipos de ELA. Analisando amostras de pacientes, eles descobriram que muitos apresentavam uma versão da substância com alterações genéticas.

A proteína passou a ser estudada em ratos alterados geneticamente para terem os mesmos sintomas da ELA e demonstrou ter efeito benéfico. Contudo, seu uso levava à excessiva proliferação de vasos e edemas nos animais. Foi aí que Carmeliet começou a estudar uma proteína irmã, a VEGF-B. O pesquisador belga constatou que a substância fazia com que neurônios sobrevivessem mais. Injetando a VEGF-B na região do sistema nervoso que liga o cérebro à medula dos ratos, Carmeliet observou uma maior sobrevivência dos animais e uma degeneração mais lenta dos neurônios.

- A grande novidade é que ele descobriu uma substância que age diretamente no neurônio afetado e não tem os efeitos colaterais da VEGF -, ressalta o biólogo Miguel Mitne Neto, do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), que também trabalha com a doença.

Mitne afirma que a VEGF-B pode vir a se tornar uma alternativa ao medicamento usado normalmente em casos de ELA, o riluzol, que só garante uma sobrevida de três meses. Pode parecer pouco tempo, porém, em média, os pacientes morrem cinco anos depois do aparecimento dos sintomas. O biólogo acrescenta que, embora ainda não se conheçam os mecanismos de ação das proteínas, a VEGF já está na fase 1 de testes clínicos, e a VEGF-B em testes pré-clínicos, que determinam a segurança de se usar uma substância em humanos.




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