O nervosismo dos mercados não impediu o Brasil de receber dólares na primeira quinzena deste mês. Dados divulgados ontem pelo BC (Banco Central) mostram que, a despeito da crise, US$ 9,76 bilhões ingressaram no País até o último dia 14. O bom número, porém, não deve continuar até o final do mês, já que o humor piorou desde a última segunda-feira e os dólares voltaram a sair.

 A conta financeira, que registra a movimentação feita principalmente pelos bancos em aplicações e investimentos, foi a maior responsável pelo ingresso de dólares na primeira quinzena deste mês. Nesse segmento, houve entrada de US$ 7,133 bilhões no período. Na conta comercial, que contabiliza o movimento gerado pelo comércio exterior, o saldo ficou positivo em US$ 2,627 bilhões.

 O economista-chefe da Corretora Ativa, Arthur Carvalho Filho, avalia que o ingresso foi determinado pelo noticiário relativamente tranqüilo do início do mês. Apesar disso, ele pondera que o clima de incerteza continua e isso tem elevado a volatilidade. “Isso faz com que os movimentos ocorram de forma brusca. Assim, quando o cenário piora, há saída e todos vão juntos. Mas quando o noticiário melhora, o ingresso acontece de forma consistente”, diz.

 Carvalho Filho observa ainda que estrangeiros interessados em investir no Brasil podem ter antecipado o ingresso de dólares para evitar a nova tributação do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que entrou em vigor na segunda-feira passada, mas foi anunciado dia 12. A imprensa noticiou a taxação antes do anúncio feito pela equipe econômica. O gerente de câmbio da Fair Corretora, Mário Battistel, diz também que pode ter havido ingresso de dólares para alguma grande operação de fusão e aquisição.