A Prefeitura de São Bernardo pagou quase três vezes mais por brinquedo em comparação com aquisição do mesmo produto feita pela administração da estância turística de Salto, no Interior. Enquanto o Paço de Salto pagou R$ 84,84 pelo Sacolão Plugado Ideias com 1.000 peças da marca Brink Mobil em 2011, o governo do prefeito Luiz Marinho (PT) despendeu R$ 232,77 pelo mesmo item – valor 174,36% maior.

A diferença nos preços é uma das linhas de investigação do Gaeco ABC (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público. Há inquérito aberto para apurar suspeita de superfaturamento na compra de brinquedos pela Secretaria de Educação, chefiada por Cleuza Repulho (PT).

A suspeita é que a licitação para distribuição dos produtos à rede municipal tenha sido fraudada nos mesmo moldes da concorrência pública para fornecimento de tênis e mochilas ao sistema educacional. O Gaeco ABC já ofereceu denúncia contra Cleuza e mais 19 pessoas por formação de quadrilha e há ação penal pública em trâmite na 2ª Vara Criminal de São Bernardo.

Há fatores que indicam possível superfaturamento na compra de brinquedos pela Prefeitura de São Bernardo. O primeiro é que o Sacolão Plugado Ideias da marca Brink Mobil, a despeito da grande diferença de valores praticados, foi fornecido pelo mesmo grupo de empresários às administrações de São Bernardo e de Salto.

O segundo é que, apesar de pagar 176,36% a mais, a gestão Marinho adquiriu 760 unidades do produto (depositando ao total R$ 176,9 mil), enquanto o então prefeito de Salto, Geraldo Garcia (PDT), pegou somente dois brinquedos (R$ 169,68 ao todo). Pela lógica de mercado, preços tendem a cair quando o lote de itens é maior.

O terceiro ponto é que o rol de empresas é o mesmo que, segundo o MP, burlou a licitação para aquisição de tênis e mochilas.

Promotores do Gaeco ABC tentam descobrir se houve direcionamento na licitação para compra de brinquedos. No edital de mochilas e tênis, servidores públicos e empresários alteraram o cronograma licitatório para favorecer integrantes da quadrilha, conforme discrição de relatório do MP.

Procurada pelo Diário, a administração Marinho não se manifestou.