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O relâmpago

Agaciel Maia, o diretor-geral do Senado que acaba de perder o cargo, estava lá há 14 anos.

Por Carlos Brickmann
04/03/2009 | 00:00
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Agaciel Maia, o diretor-geral do Senado que acaba de perder o cargo, estava lá há 14 anos. A magnífica residência de sua propriedade, mas em nome do irmão, está lá há 13 anos. Por que só agora Agaciel foi denunciado e abatido?

Imagine um repórter passeando na rua e notando aquela casa suntuosa. Pensa: "Puxa, bem que eu gostaria de saber quem é o dono". Faz uma campana de alguns dias, vê que Agaciel é o dono. Aí vai ao Registro de Imóveis, para ter certeza, e descobre que o imóvel está em nome do irmão de Agaciel. Então, escreve.

Pois pode o caro leitor ter a certeza de que as coisas não acontecem assim. Agaciel foi denunciado por alguém. Mas como, se ele é amigo de todos os senadores, funcionário que sempre demonstrou a máxima boa-vontade em atender a pedidos, de pequenas obras a novas decorações? E era Agaciel quem abonava as prestações de contas da verba indenizatória. Mas tinha um problema: a ligação com José Sarney. Atingi-lo é como atingir o próprio Sarney, que voava alto: presidente do Senado, chefe político do Amapá, e pronto a retomar, via Roseana, o governo do Maranhão, sua base de poder. Ali, seu inimigo, o atual governador Jackson Lago, acusado de tantos crimes eleitorais, não tem como firmar-se.

Esperava-se que Agaciel se negasse a deixar o cargo, provocando investigações durante as quais os inimigos de Sarney tentariam atingi-lo. Agaciel foi mais fiel do que esperavam: para não prejudicar o amigo, preferiu afastar-se.

Bem-feito: como os senadores acharão, agora, alguém tão gentil quanto ele?

LAR, DOCE LAR

O bem-relacionado Agaciel mora na tal casa de 960 m² de área construída há 13 anos. Alguém acredita que, nesse tempo todo, jamais deu uma festa? Alguém acha que, em suas festas, além de parlamentares, nunca houvesse jornalistas? Nenhum deles jamais estranhou uma casa tão cara para um funcionário público?

PERNAS CURTAS...

Versão de hoje: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que assinou o decreto que prorroga ao infinito o sigilo de documentos oficiais "como rotina". Explica que houve "um descuido burocrático". Que outros papéis terá assinado o ex-presidente "como rotina", "por descuido burocrático"? A versão antiga não era muito melhor. Segundo disse em 2004, pouco depois de deixar o Governo, "assinou o decreto sem medir as consequências". E nem se deu ao trabalho de decorar a história. Uma boa mentira não comporta versões.

...NARIZ LONGO

O decreto de "rotina", ou "sem medir as consequências", mantém nossa História em sigilo. Estão em segredo até documentos da Guerra do Paraguai. E há gente no governo que acha necessário manter este segredo por mais tempo.

BRASIL BRASILEIRO - 1

A tal verba indenizatória, cujos gastos teriam de ser justificados a partir do mês que vem, vai desaparecer. Aliás, não vai desaparecer: vai incorporar-se aos salários dos senhores parlamentares. Assim, cada um gasta como quer, e pronto.

BRASIL BRASILEIRO - 2

O presidente da Câmara, Michel Temer, decidiu sentar-se em cima do projeto. Mas os suplentes de vereadores, aqueles que querem que o Congresso aumente as vagas nas Câmaras Municipais, estão fazendo muita pressão em Brasília. Pedem que o número atual de 51.748 vereadores no país cresça para 59.791. A conta, naturalmente, fica a cargo daquela pessoa que você vê no espelho toda manhã.

BRASIL BRASILEIRO - 3

O objetivo é "a busca de melhor qualidade de vida social". Traduzindo: os servidores do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul terão um descanso extra no dia de seu aniversário. E, se a data cair num sábado, domingo ou feriado, o descanso ocorrerá no primeiro dia útil seguinte. Claro, leitor: você paga.

BRASIL BRASILEIRO - 4

Lembra da Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações? Pois é: a Anatel adiou por seis vezes a reunião em que vai decidir se o ponto adicional de TV a cabo deve ou não ser cobrado do cliente. Enquanto isso, caro leitor, vá pagando.




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