Política Titulo Exigência
Doria obriga uso de máscara em todo Estado a partir de quinta

Prefeituras terão a incumbência de punir os munícipes que descumprirem a decisão

Por Anderson Fattori
Miriam Gimenes
05/05/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


O governador do Estado, João Doria (PSDB), anunciou ontem, em entrevista coletiva, que será obrigatório o uso de máscara de proteção em todo o Estado a partir de quinta-feira. A medida será publicada hoje no Diário Oficial do Estado e terá de ser seguida nos 645 municípios de São Paulo.

Desde ontem, a máscara já era oficialmente exigida para passageiros dos ônibus intermunicipais, do Metrô e dos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Quatro cidades do Grande ABC – Santo André, São Caetano, Mauá e Ribeirão Pires – também emitiram decretos obrigando o item nos coletivos municipais, estabelecimentos comerciais, industriais e de serviços, além de táxis e carros de aplicativo. Agora, porém, a proteção terá de ser usada por todas a pessoas que saírem às ruas a partir de quinta-feira.

“Todos os cidadãos que estiverem caminhando em qualquer local do Estado devem usar máscara, não apenas nos transportes públicos, como definimos na semana passada. O decreto passa a vigorar a partir do dia 7 (quinta-feira) e a regulamentação sobre eventuais punições aos que desobedecem a determinação serão de responsabilidade das prefeituras”, disse o governador.

Em Mauá, por exemplo, o prefeito Atila Jacomussi (PSB) já havia emitido decreto que entraria em vigor sábado para obrigar o uso do item pela população em geral e havia previsto o pagamento de cesta básica para quem descumprisse a decisão. “Em um primeiro momento, (puniremos com) advertência, com qualificação e identificação. Se houver a primeira reincidência, a GCM (Guarda Civil Municipal) vai encaminhar o cidadão para sua residência. Na segunda reincidência ele será obrigado a pagar o valor de uma cesta básica para o Fundo Social de Solidariedade de Mauá”, comentou.

Segundo Doria, o uso de todos os recursos de segurança é de extrema importância para o combate da pandemia. “Estudos mostram que se não tivéssemos feito o isolamento, hoje São Paulo teria mais de 26 mil mortes (o levantamento de ontem registrou 2.654 perdas). Salvamos e ajudamos a salvar vidas de milhares de pessoas”, ressaltou o governador.

Doria também anunciou investimento de mais R$ 300 milhões em ações de combate ao novo coronavírus na Capital. Os recursos provenientes do Fundo Municipal de Saneamento Ambiental, antes destinados somente a ações de saneamento e infraestrutura, serão incorporados ao Tesouro municipal para fortalecer as ações de enfrentamento da pandemia e evitar o colapso do sistema de saúde pública da cidade.

Grande ABC deve usar 2 milhões do item por dia

Bia Moço<br>Do Diário do Grande ABC

Embora o governador do Estado, João Doria (PSDB), tenha determinado ontem a obrigatoriedade do uso de máscaras a partir de quinta-feira, boa parte da população aderiu a utilização do acessório desde que o Ministério da Saúde orientou a medida como prevenção de contágio. Entretanto, o aumento da procura já apresenta falta do equipamento de proteção pessoal no mercado, sobretudo as de uso cirúrgico.

Conforme levantamento feito pelo Diário, somente no Grande ABC, levando em conta a taxa de isolamento divulgada pelo Estado nas seis cidades da região – Rio Grande da Serra não aparece na listagem –, se cada pessoa que sair de casa utilizar apenas uma máscara – o recomendado é a troca a cada duas horas, seja as descartáveis ou as de pano –, a região precisaria de, no mínimo, 2 milhões do item de proteção por dia, considerando a população de cada cidade que furou o isolamento.

Para minimizar o problema, as prefeituras iniciam campanhas de doação de máscaras. Em Santo André, por exemplo, prefeito Paulo Serra (PSDB) adiantou que vai oferecer 600 mil máscaras para a população, sendo 300 mil confeccionadas pelo programa Costurando com Amor, no qual costureiras da cidade estão recebendo R$ 2 a cada item de pano produzido com matéria-prima cedida pela Prefeitura. As outras 300 mil serão compradas e do tipo lavável. O material está sendo distribuído pela cidade, a começar pelos ônibus e unidades de saúde, e vai chegar a todas as regiões da cidade, especialmente aos bairros mais carentes.

Isolamento físico cai e ruas da região têm lentidão no horário de pico

Quem precisou sair de casa ontem percebeu que o cenário nas ruas do Grande ABC estava bem diferente do visto nas últimas semanas. Era visível que o número de carros estava muito maior, tanto que houve congestionamento em vários pontos da região, algo que ainda não havia sido notado desde o dia 24 de março, quando foi decretada a quarentena obrigatória no Estado pelo governador João Doria.

Na Avenida Piraporinha, importante ligação entre São Bernardo e Diadema, o motorista teve de ter paciência e enfrentou longo trecho de lentidão por volta das 18h20, no horário de pico. Outras vias importantes, como a Avenida Perimetral, em Santo André, não chegou a parar, mas o trânsito foi intenso durante todo o dia.

A percepção visual vem ao encontro dos dados de isolamento físico registrados pelo governo do Estado por meio dos sinais de celular. Os números de ontem só serão revelados hoje, mas desde a semana passada o confinamento da população vinha caindo vertiginosamente. Na quinta-feira, último dia útil disponível no sistema, apenas Ribeirão Pires ultrapassou a marca de 50%, chegou aos 56%, mas distante dos 70%, marca considerada ideal pelo governo estadual. Em Santo André, apenas 48% das pessoas ficaram em casa. Números ainda menores foram registrados em São Bernardo, 47%, e São Caetano, 46%, respectivamente. Diadema e Mauá computaram exatamente metade da população isolada na quinta-feira. Rio Grande da Serra não é monitorada.

Por causa dos baixos níveis de isolamento físico, a expectativa é a de que João Doria anuncie até sexta-feira a prorrogação da quarentena, que, a princípio, tem duração até segunda-feira.  




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