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Coronavírus leva bancos da região a mudar atendimento

Febraban informa que as instituições financeiras podem alterar horários ou suspender serviços; Santander vai fechar 40 agências

Por Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
20/03/2020 | 00:05
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Os bancos anunciaram mudanças no atendimento aos clientes e até mesmo fechamento de agências por causa da pandemia da Covid-19. O Santander divulgou oficialmente horários reduzidos e unidades com portas fechadas a partir da próxima semana. A estimativa do Sindicato dos Bancários do ABC é que até 40 lojas do banco espanhol estejam de portas fechadas na próxima semana. A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) afirmou que a prestação de serviços essenciais será mantida.

Cumprindo orientação do Banco Central, a federação afirmou que as instituições financeiras deverão, “pontualmente e por períodos limitados de tempo, alterar horários de atendimento ou suspender serviços em agências selecionadas. Os clientes serão informados adequadamente pelos canais de comunicação de cada banco”, informou, em nota.

O Santander anunciou que vai interromper as atividades em parte das agências nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro, locais com maior número de casos registrados da Covid-19. O horário de funcionamento das unidades do banco em todo o País será reduzido em duas horas, das 10h às 14h.

As medidas, que são válidas a partir da próxima terça-feira, também incluem o escalonamento do acesso de pessoas no interior das agências, em grupos de dez a 20 por vez. As unidades com maior concentração de pensionistas e clientes idosos poderão adotar horário exclusivo para o atendimento da população que está no grupo de risco da doença, das 9h às 10h.

Parte dos funcionários (são 400 na região) entrará em férias coletivas por 15 dias e, após esse período, está previsto rodízio com outras unidades, de forma a manter o atendimento ao público das duas capitais. O Santander informou que reforçou as ações de higienização e limpeza, e que tem ampliado o número de colaboradores em sistema de home office no setor administrativo. A relação das agências que serão alteradas ainda não foi divulgada pelo banco.

A Febraban recomenda que os clientes evitem deslocar-se para as agências bancárias, dando preferência ao internet banking e canais de atendimento por telefone.

Na manhã de ontem, o Diário verificou que mesmo com restrições de atendimento e as recomendações, clientes formavam fila em frente às agências, à espera de atendimento. O Sindicato dos Bancários do ABC divulgou nota informando que evitar a aglomeração de pessoas, precaução número 1 para controle da pandemia, está sendo desrespeitada pelos bancos. A entidade alega que, embora tenham adotado medidas pontuais de prevenção (como home office para grupos de risco e grávidas, por exemplo), ações mais efetivas ainda não foram implementadas pelas instituições financeiras.

O sindicato recorreu ao Consórcio Intermunicipal do Grande ABC pedindo providências com relação ao assunto. A entidade regional informou que está acompanhando a situação junto aos bancos, com o objetivo de minimizar os danos da pandemia e preservar vidas.

O Diário questionou as principais instituições sobre as medidas. O Banco do Brasil informou que qualquer mudança no atendimento será informada imediatamente aos clientes, usuários e ao mercado. O Itaú também afirmou que funciona normalmente e reforçou o protocolo de limpeza. O Bradesco comentou que os gerentes estão sendo orientados a organizar o atendimento nos momentos de maior concentração de clientes.

Caixa ‘congela’ dívidas por 60 dias

A Caixa anunciou ontem novas medidas para reduzir os impactos causados pela queda da atividade econômica devido – à propagação do novo coronavírus. Junto à queda da Selic (taxa básica de juros, que está em 3,75%), o banco reduziu taxas de juros de linhas de crédito e oferece pausa no pagamento por até 60 dias de contratos de pessoas física e jurídica, inclusive habitacionais.

Para pessoas físicas, o banco dá possibilidade de pausa de até 60 dias nas operações parceladas de crédito pessoal, ampliação das linhas de crédito consignado, incluindo as modalidades para aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). A taxa de juros nas linhas de crédito pessoal fica a partir de 0,99% ao mês, para o crédito consignado.

Em relação às micro e pequenas empresas, a Caixa anunciou redução de juros de até 45% nas linhas de capital de giro, com taxas a partir de 0,57% ao mês e carência de até 60 dias nas operações parceladas de capital de giro e renegociação. Haverá linhas de crédito especiais, com até seis meses de carência, para empresas que atuam nos setores de comércio e prestação de serviços, que são as mais afetadas pelo momento atual.

Para contratos habitacionais de pessoa física, os clientes poderão solicitar a pausa estendida de até duas prestações pelo aplicativo Habitação Caixa, sem a necessidade de comparecimento às agências. As empresas poderão solicitar pausa estendida de até duas prestações em seus contratos habitacionais.

O banco também anunciou liberação de R$ 3 bilhões em orçamento em linhas destinadas a santas casas e hospitais filantrópicos que prestam serviço ao SUS (Sistema Único de Saúde), para reestruturação de dívidas e novos recursos.

Para minimizar os riscos de contaminação e exposição dos clientes ao coronavírus, a Caixa recomendou a utilização dos canais digitais, como internet banking, aplicativo e terminais de autoatendimento.

Volkswagen anuncia férias coletivas nas plantas do País

Conforme adiantado no início da semana pelo Diário, a Volkswagen, que possui fábrica em São Bernardo, anunciou férias coletivas por causa da pandemia de coronavírus. A montadora alemã vai suspender as atividades de todas as unidades do País, já na próxima segunda-feira, com banco de horas para os funcionários. Na fábrica da região são aproximadamente 9.000 colaboradores, sendo em torno de 7.000 na linha de produção.

Segundo a empresa, a medida visa preservar a saúde de seus empregados e familiares, em decorrência do avanço da Covid-19.

“Até o dia 30 de março, os funcionários da área administrativa continuam em trabalho remoto e os empregados da linha de produção, em folgas administradas por banco de horas. A partir de 31 de março, os empregados estarão em férias coletivas por duas semanas. Ambas as medidas são parte das ferramentas de flexibilização previstas em acordo coletivo de trabalho”, informou, em nota.

OUTRAS
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) informou, ontem, que todas as montadoras associadas têm analisado e se preparado para tomar medidas de paralisação das fábricas no Brasil, em razão do agravamento da crise. Cada caso tem sido discutido com os sindicatos de metalúrgicos de cada região.

No Grande ABC, três montadoras anunciaram férias coletivas para os empregados. São os casos de GM (General Motors), Volkswagen e Mercedes-Benz. Duas ainda não decidiram. A Toyota afirmou, em nota, que todas as plantas industriais no País estão funcionando normalmente, “no entanto, estamos avaliando a situação momento a momento”. A Scania afirmou que está em constante análise e prontidão para fazer mudanças e adaptações necessárias diante do cenário.

Todas as empresas admitem a possibilidade de prorrogar o prazo de férias coletivas, a depender da evolução da crise no País.
(com Estadão Conteúdo) 




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