Política Titulo
MP vai encaminhar à PF denúncia sobre a ‘Conexão Uruguai’
Por Danilo Angrimani
e Gislayne Jacinto
Do Diário do Grande ABC
29/06/2002 | 08:10
Compartilhar notícia


O Ministério Público encaminhará à Polícia Federal denúncia sobre a Conexão Uruguai, suposto esquema de remessa de dinheiro ao exterior que teria participação de empresas contratadas pela Prefeitura de Santo André.

Segundo informações recebidas pela Promotoria, o ponto de partida do suposto esquema seriam os contratos da Prefeitura com as empresas Projeção, Consladel e SinalRonda. O dinheiro seria transferido a uma quarta empresa, a Data City, que por sua vez faria remessas para uma empresa do Uruguai – a Porto Maria, com sede na Calle Juncal, em Montevidéu. Em 1º de março de 2000, a Porto Maria foi admitida como sócia da brasileira Data City. Do Uruguai, o dinheiro retornaria a uma quinta empresa, a VB Serviços, com sede em São Paulo, e uma das sócias da Data City.

O promotor criminal Amaro José Thomé Filho disse que, como se trata de investigação de suposto envio de altas somas de dinheiro para o exterior (no caso, o Uruguai), “sem cumprir as formalidades legais”, o Ministério Público vai solicitar à Polícia Federal que verifique o caso. Thomé disse que considera a denúncia grave. “Precisa ser investigada”, afirmou.

Segundo o promotor, o MP apura crimes comuns, contra a administração e contra particulares. “Se esse dinheiro foi para o exterior, aí é questão da Justiça Federal”, completou.

A Projeção foi contratada pela Prefeitura para construir o Terminal Rodoviário. O empresário Ronan Maria Pinto era um dos sócios da Projeção. Hoje, o sócio majoritário é Humberto Tarcísio de Castro. A Projeção manteve 47 contratos com a Prefeitura, num total de quase R$ 21 milhões e é sócia da Consladel no Terminal.

Humberto disse ao Diário que a Projeção não tem, nem teve, qualquer relação com a Data City. “Isso não existe. Em hipótese nenhuma”, afirmou. Segundo o dono da Projeção, as denúncias contra sua empresa são “absurdas”.

Ronan, Humberto e o secretário demissionário Klinger Luiz de Oliveira Sousa, além de Sérgio Gomes de Silva, ex-segurança e amigo do ex-prefeito Celso Daniel, foram denunciados pelo MP por suposta participação em um esquema que arrecadava propina de empresários do transporte público.

A Consladel, especializada em terraplenagem e sinalização de tráfego, tem contratos com a Prefeitura de Santo André e supostamente com a empresa Data City. A assessoria de comunicação da Consladel nega qualquer conexão ou contrato com a Data City em Santo André. “A Consladel nega veementemente qualquer lavagem de dinheiro. Essa denúncia é totalmente infundada”, afirmou a assessoria.

A Data City, sócia da uruguaia Porto Maria, está sediada em Morungaba (SP) e manteria contratos com as Prefeituras de Jaboticabal, Itatiba, SinalRonda e Consladel.

O MP também recebeu denúncia de participação de uma administradora de bens, que seria o “banco do esquema”. A acusação relaciona a BVA Factoring ou BVA Participações e Administração de Bens. Um dos sócios da BVA é José Augusto Ferreira dos Santos, que tem participação acionária na Rotedali. A Rotedali foi criada por Ronan em 1996 e hoje mantém contratos com a Prefeitura de Santo André para o lixo e aterro sanitário.

O Diário não localizou representantes das outras empresas citadas.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;