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Cirurgias viram tratamento de diabete
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
17/03/2008 | 07:23
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Nada de injeções diárias de insulina, dietas rigorosas ou de ter que furar o dedo a toda hora para verificar o nível de glicose no sangue. Duas técnicas desenvolvidas no Brasil prometem revolucionar o tratamento da diabete Millitus tipo 2 – a mais comum – de forma nada convencional: a cirurgia.

Uma das técnicas, batizada de freio neuroendócrino, consiste na interposição de segmento de íleo – a terceira e última parte do intestino delgado – para uma área mais próxima do estômago. O resultado é o aumento na produção das incretinas, hormônio que estimula a produção de insulina. A intervenção é testada há quase cinco anos em Goiânia, pelo médico Áureo Ludovico de Paula, e já foi aplicada em cerca de 250 pacientes.

A outra opção, chamada exclusão duodenal, é desenvolvida em São Paulo pelo médico Ricardo Cohen desde 2005, por meio de protocolos experimentais aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Ministério da Saúde, que exige que os participantes sejam tratados gratuitamente.

O procedimento faz com que os alimentos não entrem em contato com o duodeno, que envia um sinal para o pâncreas, estimulando a secreção da insulina. “A exclusão duodenal evita que a comida passe pelo duodeno, permitindo a liberação de substâncias que melhoram a ação e a função da insulina”, explica Cohen, que pesquisa a técnica há três anos.

O paciente, em geral, livra-se das aplicações de insulina, embora nem sempre possa abrir mão dos demais remédios. “A cirurgia permite um controle mais eficaz do que o do tratamento clínico convencional”, afirma Cohen, ressaltando que uma alimentação balanceada também é essencial para garantir a eficácia do procedimento. “O paciente pode comer como qualquer outra pessoa, desde que tenha uma orientação nutricional correta, equilibrada.”

A exclusão duodenal já foi testada em cerca de 60 pacientes, sempre por meio de videolaparoscopia, método menos invasivo, que garante uma recuperação mais rápida no pós-operatório. “São quatro cortes, de meio a um centímetro cada, todos no abdômen”, explica.

E os riscos não são maiores que os de outras operações do gênero. “Temos um resultado de mortalidade zero com 50 pacientes operados não-obesos, e cerca de 11% de complicações menores, o que é razoável em cirurgias digestivas.”

A diabete Mellitus tipo 2 – adquirida ao longo da vida – é a variação mais comum da doença, representando 90% dos casos. Só no Brasil, 6 milhões de pessoas apresentam esse tipo de diabete, o que representa 3,3% da população.



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