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Pagode, sertanejo e rock convivem lado a lado
Por Evandro De Marco
Do Diário do Grande ABC
20/07/2009 | 07:03
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O rock, o pagode e o sertanejo tem muito pouco em comum e, em alguns casos, a preferência por um estilo e o desgosto por outro praticamente garante rixa entre grupos. Mas, na Vila Marina, em Santo André, aconteceu quase que a exceção: o bom convívio entre guitarras, violas e tamborins. Três bares praticamente ao lado um do outro oferecem algo em comum para públicos tão diferentes: diversão e boa música - cada um dentro do seu estilo.

O mais antigo entre os três é o de samba e pagode, que fica na Avenida Carijós e é o único a cobrar entrada. Há dez anos, todas as quartas, sextas e domingos, o público invade o local para ouvir música ao vivo. "O nosso pessoal respeita muito os outros públicos. Vem muita família aqui, inclusive, com crianças", afirma a gerente da casa, Paula Alessandra Lima, 28 anos.

A fidelidade dos clientes é apontada como um dos fatores pela manutenção da paz entre todos. "É um público familiar e amigo nosso. Sabemos quando é alguém estranho", diz Vardeli Barbieri, 62, um dos sócios do bar country na Rua Coronel Seabra, aberto de terça-feira a domingo .

O estabelecimento dos roqueiros é o mais novo no pedaço. O proprietário Marcelo Tavares Vieira, 39 chegou à Rua Coronel Seabra no início do ano e trouxe consigo os clientes de outro bar que na teve Avenida dos Estados. "Fizemos amizade tomando cerveja juntos no balcão e ouvindo rock."

Público - A diversidade de gostos e estilos é impossível de passar despercebida diante de grupos tão distintos de pessoas e acabam se contrastando e muitas vezes se misturando na região.

Decoração dos bares, figurino dos clientes e até o meio de transporte utilizados por alguns dos frequentadores marcam bem quem é quem.

No bar de rock, caveiras e pôsteres de antigos ídolos do cinema e do gênero - como Elvis Presley, Ozzy Osbourne, Jim Morrison, Marilyn Monroe e James Dean - fazem o clima para um telão com programação baseada no melhor rock 'n' roll nacional e internacional. Nos fins de semana tem ainda apresentações acústicas. "Sempre quis levar o rock dentro do meu negócio próprio", revela Vieira, que diz receber também o público dos vizinhos. "Se os outros fecham um pouco mais cedo tem gente de lá que aparece aqui para tomar a saideira."

Grande parte do público do estabelecimento é formada por integrantes de motoclubes que chegam em potentes motocicletas no melhor estilo Sem Destino - filme de 1969 que conta a história de dois motociclistas que buscam a liberdade. "Aqui há harmonia, independentemente do público ao redor", afirma André Zagato, 30, professor e presidente do motoclube Os Hipertensos, de Santo André.

Praticamente ao lado da moto de Zagato, três amigos vestindo calça jeans e chapéu de cowboy desmontam de seus cavalos e se dirigem ao bar sertanejo. "São várias praias que se respeitam. O pessoal do rock também gosta de country e até os motoqueiros vem aqui", revela o comerciante José Jorge Fermino, 44.

"A gente nasceu com o gosto certo no lugar errado", brinca o segurança Edson Luiz Tega, 45, se referindo ao gosto pelo campo sendo morador de área tão urbanizada.

Para o também segurança José Fernando Ingrundi, 44, a convivência pacífica entre os três grupos só acontece porque todos estão atrás da mesma coisa. "A gente vem curtir a noite e ver os amigos. É só isso, sem confusão", afirma o dono de um rancho com onze cavalos no bairro Clube de Campo.




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