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Escola Livre encena três peças em Sto. André
Por Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
08/06/2006 | 08:46
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Três vezes ELT (Escola Livre de Teatro de Santo André) nos próximos fins de semana. No contato direto com o público e sempre com entrada franca, os aprendizes mostram o desenvolvimento de sua arte em três espetáculos que estão ganhando vida própria e começam a transpor o ambiente da escola e a região.

É o caso de Acunteceu o Acuntecido, com a turma Formação 7 do núcleo de formação do ator. Em cartaz desde fevereiro, o espetáculo volta ao Teatro Conchita de Moraes, casa oficial da ELT no bairro Santa Terezinha, neste sábado e domingo e fica em cartaz até o início de julho, quando ao mesmo tempo encerra suas apresentações naquele espaço e abre a mostra da ELT, que acontece até 16 de julho, no mesmo Conchita. Depois, em setembro, o grupo mostrará a peça no Tusp-Maria Antônia, em uma mostra com outras peças de formatura das igualmente importantes EAD (Escola de Artes Dramáticas da USP) e Instituto de Artes Cênicas da Unicamp.

Também no fim de semana, a ELT apresenta a nova temporada de Amor Montado no Tempo, com o núcleo de espetáculo de rua, nos centros educacionais Cesas de Vila Floresta (dia 10), Parque Erasmo (dia 11) e Vila Humaitá (dia 24), sempre às 15h. Em cada espaço, uma história diferente com coordenação de dramaturgia e direção de Ana Roxo.

No dia 17, o núcleo de formação circense estréia no Conchita a temporada oficial de E.L. Circo Gitano, que teve uma série de pré-estréias em maio nos Cesas da cidade. Durante esse período, os números com base no circo tradicional e inspiração na cultura cigana foram aprimorados com a direção de Marcelo Milan e elenco formado pelos mesmos integrantes do espetáculo E.L. Circo, encenado ano passado no Parque Celso Daniel.

“Só na relação com o público diferenciado e variado a gente entende o teatro. Os aprendizes se fortalecem como atores com a noção do que quererem comunicar. Por isso consideramos importantes as temporadas longas, pois o espetáculo de formatura tende a ter vida própria”, diz Georgette Fadel, que fez a preparação corporal do elenco de Acunteceu o Acuntecido.

Nessa peça, dirigida por Edgar Castro, o tema é o êxodo do caos. Caminho e caminhantes são formados passo a passo após uma hecatombe que destruiu uma cidade. Seus moradores colocam pé na estrada em busca de um novo lar. No caminho, fome, fé e vontade de poder revelam o que cada um é. Os pontos de partida da peça foram trechos dos poemas A Máquina do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade, e do épico mítico hindu Bhagavad Gita. Nos dois, há um indivíduo que tem uma epifania, uma revelação divina. No primeiro, ele dá de ombros e segue o rumo; no outro, ele fica em êxtase.

“Trabalhamos com processos colaborativos: os diretores inspiram, mas atores são livres para colocar suas marcas, suas vontades, suas concepções”, afirma Georgette. Os personagens não são realistas, embora nada grotescos, são o posto do naturalismo, pois os atores tiverem de encontrar expressões que desconheciam e criar seres desconhecidos. Justamente o contrário da interpretação vista na televisão e no cinema.



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